sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

- O ROMANCE DA SERPENTE… UMA POSSIBILIDADE -

 Atualização de texto antigo, de 9 anos atrás com alguns novos enxertos. 

Se eu pudesse escrever o melhor romance já inventado, se tivesse talento e culhões para tanto, eu escreveria a história de Adão e Eva da  perspectiva da Serpente...


Heresia?


Não sei, mas este personagem é o mais fascinante deste mito.


Ninguém sabe como ele chegou ali, se já fazia ou não parte daquele ambiente, se falava realmente ou telepaticamente, se era uma serpente

literal ou um símbolo, se era o mal encarnado ou apenas um mal interpretado....


O que a levou a fazer o que fez?


Porque fez?


Realmente acreditava no que disse à mulher ou usou de engano?


Na mitologia suméria esta serpente chama-se: ENKI/EA o deus dos grandes oceanos e das águas, enquanto Jeová mais claramente é identificado com  EN-LIL …o deus da terra; ambos eram filhos de ANU o deus do céu...eram rivais figadais… Enki era o filho mais velho de Anu,porém não da consorte; o que já era o caso de Enlil...


Entretanto nada é tão simples assim e logo veremos isto.


A história de ambos encontra também correlação por exemplo, nas histórias de Isaque e Ismael filhos de Abraão com suas duas esposas; Sara a consorte e Hagar a concubina. Ismael apesar de mais velho é preterido como herdeiro universal por ser filho de Hagar; o mesmo se deu com Enki/Ea em relação a En-Lil.


Outra coisa que criava atritos tremendos entre os dois deuses: No mito, o ser humano é uma criação de Ea e a irmã de ambos Ninhursag …e En-Lil aparece como rival dos humanos. 


A decisão de tirar os humanos do paraiso é de En-Lil, depois do que considera traição do irmão, no episódio da árvore do conhecimento do bem e do mal, que na visão suméria é vista como um ato altruísta de Ea em relação ao egoísta de En-Lil, de manter os humanos na tal dita 'inocência', que parece significar em outras palavras, um estado não consciente, não ciente de si, do EU SOU.


Depois, no episódio do dilúvio, vemos a mesma coisa; En-Lil quer destruir os humanos enquanto é Ea que avisa através de um estratagema o Noé deles, Utnapshtim.


Enfim, percebem como esta serpente do paraiso torna-se cada vez mais interessante para ser protagonista de um romance?


O que sabemos?


A tradição suméria começa a ser forjada em torno de 4 mil AC e a tradição bíblica em torno de 1500 AC.


O patriarca hebreu - Abrão depois Abraão ou Abram(Ab Ram ou Pai Ram)) depois Abraham(Ab Ra Ham ou Pai Rama …o que segundo alguns rabinos significa que ele pode ser o patriarca de boa parte da Índia através de seus filhos com sua terceira mulher, Quetura e até de outras concubinas… (Gênesis 25.01-06) …Brahma um dos nomes da divindade em hindu se assemelha foneticamente a Abraham como se fosse um anagrama… apesar de linguagens diferentes - era um sumério da época mais decadente do império, em torno de 2000 AC, já com influências caldéias. Saído de UR, cidade relacionada ao deus da Lua SIN(será que não seria daqui que viria o nome SINAI..SIN...AI?) e que portanto legou com certeza TODA a tradição de seu povo aos seus descendentes. O que parece todavia aconteceu anos depois é que os mitos foram sintetizados...YHVH ou Yahveh, Yheveh, Jeová…tornou-se uma divindade com características de todos os grandes deuses sumérios …em especial; Anu, En-Lil, Ea, Samash e Sin e a Serpente do paraiso surge como um personagem à parte, uma descaracterização de Ea; portanto o deus é de certa forma 'desconstruído', tendo uma parte de si ligada à divindade YHVH e outra a um personagem que mais tarde …de 'o mais astuto animal do campo' …se torna na própria encarnação do mal.


Assim, o YHVH bíblico como Ea cria os humanos mas como En-Lil os expulsa do paraíso. Como En-Lil resolve destruir os humanos com um diluvio mas como Ea avisa um escolhido seu do que iria fazer para que se salve. Como Anu é o deus dos céus mas também da terra como En-Lil e do mar como Ea e tem relação estreita com a Lua de Sin, sendo as festas e calendários hebreus todos regidos por ela …e como Samash também era o senhor do sol.


Portanto, analisando mitos e mitos antigos meu desejo de escrever um romance da perspectiva da Serpente neste caso se torna bem interessante não acham?


Um personagem que parece ter surgido das próprias entranhas do sagrado, agora sintetizado dos antigos sumérios, um ser necessário no mito para explicar as ações de Deus na queda dos humanos …mas apenas neste único episódio, no dilúvio já não o vemos presente, mas YHVH fazendo ambas as vezes.


Mas se a serpente do paraíso for dissecada as perguntas que surgem são: 


Quem deixou ela entrar lá? 


Porque? 


Depois havia querubins para proteger a árvore da vida dos humanos 'caídos' mas não antes para proteger os humanos da tal serpente?


Porque o Senhor onisciente não veio 'passear' no jardim um pouco mais cedo para pegar a serpente no pulo com sua pupila, se os amava e cuidava deles com tanto zelo?


Assim, pouco a pouco o estranho, o anormal no mito da serpente vai transparecendo. Um personagem desmembrado, retirado de um dos próprios mitos construtores do único Deus hebreu...


EA/ENKI o deus da vida, da sabedoria, dos oceanos e das águas...


O CRIADOR DOS HUMANOS JUNTO COM A IRMÃ, O DOADOR DA CONSCIÊNCIA PARA ESTES E O SALVADOR DO DILÚVIO...


Um mito 3 mil anos mais velho que a primeira Toráh e no entanto, tirando o politeísmo, tremendamente semelhante!


Qual foi a fonte do que?


Será que precisa mesmo perguntar?


E assim a Serpente clama por um romance à altura de seu enigma!


EU ACHO!


Amor e Luz 


Valter Luis (Taliesin) 


Em tempo, antes de ser de Thot/Hermes o caduceu era um símbolo de EA/ENKI.



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