segunda-feira, 30 de junho de 2014

A CRESCENTE CULTURA DO "DEUS SUMIDO"...

Antes de começar vale salientar aos mais melindrosos e sensíveis que este texto NÃO É uma visão particular minha sobre Deus ou a situação do mundo presente mas uma visão do que estou percebendo surgir sutilmente, não é de hoje no meio da cultura pop do entretenimento e que parece ganhar cada vez mais corpo na medida em que cada elemento criado faz mais sucesso que o anterior etc...

Algo que parece estar crescendo e tomando corpo em livros, filmes e TV!

“Vós dizeis-me: “A vida é uma carga pesada”. Mas, para que é esse vosso orgulho pela manhã e essa vossa submissão, à tarde?
A vida é uma carga pesada; mas não vos mostreis tão contristados. Todos somos jumentos carregados.
Que parecença temos com o cálice de rosa que treme porque o oprime uma gota de orvalho?
É verdade: amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas ao amor.
Há sempre o seu quê de loucura no amor; mas também há sempre o seu quê de razão na loucura.
E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolhas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens.
Ver revolutear essas almas aladas e loucas, encantadoras e buliçosas, é o que arranca a Zaratustra lágrimas e canções.
Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.
E quando vi o meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo e solene: era o espírito do pesadelo. Por ele caem todas as coisas.
Não é com cólera, mas com riso que se mata. Adiante! matemos o espírito do pesadelo!
Eu aprendi a andar; por conseguinte corro. Eu aprendi a voar; por conseguinte não quero que me empurrem para mudar de sítio.
Agora sou leve, agora vôo; agora vejo por baixo de mim mesmo, agora salta em mim um Deus”.
Assim falava Zaratustra.”
~ Friedrich Nietzsche, em “Assim Falou Zaratustra” 



DEUS ESTA MORTO!!!

Assim a mais de 130 anos preconizava o mais famoso entre os mega famosos livros de Friedrich Wilhelm NIETZSCHE...

ASSIM FALAVA ZARATUSTRA...

Até hoje esta frase desperta debates acalorados entre crentes e não crentes geralmente ambos assumindo posições cristalizadas de um e de outro lado, ironicamente o que mais a filosofia e pensamento de Nietzsche combatia...a cristalização, o engessamento do pensamento e da vida.

Mais que tudo a Morte de Deus para ele era a morte do que estava estagnado, preso, num eterno circulo sem espiral. Deus morto para ele era um mundo que já tinha dado o que tinha que dar dando espaço para outro vivo!
 Não lhe preocupava especificamente a existência ou não de algo próximo ao divino, mas entendia ele que absolutamente todo o divino compreendido pelos humanos é mutável, é passageiro, é humano, resultados de suas crenças e vivências e portanto passível de morrer, de acabar-se!

Deus morrendo era um mundo morrendo, uma forma de ver a vida morrendo e dando espaço para uma outra nova!

O Super Homem dele por outro lado seria eterno porque jamais em sua visão esta entidade se renderia à cristalização de idéias, conceitos e formas de encarar a vida. 

O Super Homem seria o ponto máximo da evolução exatamente porque teria uma perene capacidade de reinventar-se, renovar-se, negar a cristalização e deterioração das coisas, reinterpretar sua vida e tudo o que lhe cercar sempre percebendo o mundo a partir de si, dele como centro criador de todas as coisas.

Obviamente tal visão nu e cru soa como ateísmo puro!

E não há que negar que Nietzsche enquanto diante de absolutamente TODAS as formas religiosas de seu tempo era um descrente, um ateu e um ferrenho opositor delas principalmente do cristianismo que lhe era mais próximo exatamente porque todas elas estavam em sua visão completamente cristalizadas e estagnadas e consequentemente o mundo em torno delas.

Romper com tudo isto era a grande missão do Super Homem que em outro livro tão célebre e na visão de muita gente complementar a Assim falava Zaratustra ele definiu desafiadoramente como... O ANTICRISTO!

Obviamente que enquanto o fundamentalismo cristão via e vê nesta entidade mítica um ser diabólico e demoníaco Nietzsche via exatamente o oposto!

Nele Nietzsche via a salvação da raça humana!

Porque?

Para ele esta entidade mítica(não a bíblica mas a que ele interpretava) seria o catalizador, o destruidor e o recriador de tudo...catalizador de vida genuína, destruidor de absolutamente tudo o que estiver velho e passado e o recriador do mundo e mais; um PERENE catalizador, destruidor e recriador que sempre se inovaria neste processo de refazer o mundo quando este se mostrasse inútil e deteriorado.

E porque Anticristo?

Ora Nietzsche criou verdadeiro ódio e desprezo pela filosofia cristã, pela forma desta em ver a vida!

Para ele o cristianismo era uma religião para fracos, para os desvalidos, para aqueles que se acostumaram com a visão de rebanho não para seres superiores que tomam seu destino em suas mãos e dizem; 'sou responsável por isto aqui e vou dar o meu melhor sem depender de nada a não ser de mim mesmo'.

Claro, nem preciso de dizer que acho um grande exagero do pensador tudo isto mas o bom da filosofia dele é que ela nos leva a pensar, nos leva a questionar MUITAS coisas ditas sagradas e consagradas e que na verdade são ou podem ser sérias deturpações do que realmente os grandes espiritualistas que foram inspiração das grandes religiões quiseram dizer e passar.

Que realmente ao longo de milhares de anos uma elite nefasta tem usado e abusado das religiões, principalmente da maior delas, a cristã, para usar e abusar da fé alheia não pode ser negado!

Que isto impeça o mundo de libertar-se de suas ilusões muito menos!

Palavras como submissão a Deus, vontade de Deus, humildade, amor, paciência, mansidão, temperança, sofrimento, etc...se tornaram catalizadoras de subserviência e dependência dos fiéis em relação à instituição, suas doutrinas, dogmas, tradições etc... e pior; seus líderes...criaturas tão falhas quanto eles mas que por se acharem 'investidos' da ordenação poderem dizer o que Deus disse ou deixou de dizer, quer ou não fazer e o que os humanos devam fazer para Ele em troca.

O porque estou tocando neste assunto?

Tenho percebido nos últimos tempos, em meio a cultura popular de massa, uma sutil, porém poderosa infiltração de um contexto Nietzschiano pasteurizado e reciclado e que sinceramente não sei até que ponto é usado meramente como recurso temático para criar um campo de ação para que os personagens sejam melhor desenvolvidos e tenhamos espaço para que as aventuras sejam vivenciadas ou que isto reflita de crença pessoal dos criadores e tendência mundial dos espectadores vibrando na mesma sintonia que os tais.

Seriados como o já consagrado SUPERNATURAL, o recente DOMINION(adaptação para TV do filme de relativo sucesso LEGION estrelado por Paul Bettany e Dennis Quaid e dirigido pelo então desconhecido Scott Stewart) mais os livros populares do escritor brasileiro Eduardo Spohr(A BATALHA DO APOCALIPSE etc...), dentre outros tem tratado da seguinte questão:

DEUS SIMPLESMENTE SUMIU, OU AUSENTOU-SE DE SUA CRIAÇÃO...

Até os anjos e entre eles as maiores potestades e autoridades perderam o contato com ele...

Num cenário assim o que fariam tais entidades? 

Que tipo de desespero existencial pode dominar uma entidade que não só crê mas supostamente convive com Deus... a sua ausência?

Para nós humanos, por mais que falemos de fé, de certeza na existência de Deus, raros se é que realmente alguém um dia pode, podem dizer que viram Deus, ou pelo menos tiveram algum tipo de contato sensorial com outras esferas do ser que possibilite com FATOS provar que Ele exista. 
Assim esta estranha dicotomia, crença e descrença parecem acompanhar os humanos desde um bom tempo.
Não sei se em eras remotas existiram ateus mas há pelo menos 300 anos isto vem numa evolução interessante com altos e baixos ao longo destes anos, mas com o Iluminismo, depois Marxismo, a já citada filosofia de Nietzsche, Existencialismo e cia pudemos perceber um conflito tácito no mundo entre crentes e descrentes com estados totalitários pregando ostensivamente o ateísmo(URSS e tudo o que veio depois) e outros um diversionismo religioso radicalmente frontal ao cristianismo e religiões ditas de 'escravos espirituais'(o nacional socialismo de Hitler e dos nazistas) e óbvio; sem desprezar por outro lado o outro lado da moeda; o recrudescer de estados onde a visão fundamentalista sobre o divino atingiu alarmantes proporções de intolerância.

Portanto este estado de aparente 'perene perplexidade' ante o indefinido da existência mais o trágico da dor que isto causa quando percebemos que NÃO CONSEGUIMOS até hoje resolver nossas diferenças com a percepção de unicidade de gênero parece nos consolar e trazer por incrível que pareça algum conforto. Mas voltemos aos anjos.

Imagine-se como entidades tidas por imortais, ainda que criadas ou no máximo emanadas por ou de uma divindade tida por suprema...e de repente, sem nenhuma explicação aparente esta divindade que você via, ouvia, percebia, dentro e ao redor de si, talvez até olhasse diante de seus olhos quando personalizada em uma das várias formas que poderia assumir, você acostumado a ver as maravilhas que esta divindade operava através de si, de seus irmãos ou por Ela mesma...e então você percebe que Ela... simplesmente...SUMIU...DESAPARECEU...ESCAFEDEU-SE e pior; não deixou notícia, nem intenção de voltar!!!

O QUE ISTO PODERIA CAUSAR EM TAIS ENTIDADES DITAS DEUSAS, DEUSES, ANJOS?!

Imagine a crise existencial que se instalaria dentro delas e em toda a organização ao redor delas?

Na visão do escritor brasileiro Eduardo Spohr Deus simplesmente deixa de ser pessoal, abre mão de sua personalidade e volta A impessoalidade de onde proveio como suprema emanação personalizada desta.

Supernatural parece apresentar um Deus que é pouco mais que seus próprios anjos, já que dois anjos, primeiro Castiel e depois Metatron ousaram transformar-se eles mesmos em Deus com a ausência deste ao acumularem poderes extremamente vastos.

Em Dominion até agora não dá para perceber bem qual o sentido desta ausência de Deus, entretanto a série pelo que vi já se mostrou por si até mais instigante e interessante que o próprio filme que lhe deu origem o qual no máximo era um bom filme nada mais. 
Aqui as idéias encontraram mais fluidez. 
Miguel o todo poderoso arcanjo e seu antigo irmão e agora arquirrival Gabriel se encontram  em pleno impasse em sua nova guerra do céu(trazida para a terra)...
Miguel para ajudar a humanidade contra a fúria insana de Gabriel e suas hostes de anjos inferiores e incorpóreos( que mais lembram por exemplo, os demônios de Supernatural tanto na cor dos olhos dos possuídos quanto na forma incorpórea de névoa negra) os quais passaram a possuir à força os corpos humanos(por alguma teoria inexplicável o grande arcanjo mensageiro culpa os humanos pelo sumiço de Deus) e vieram para destruir-lhes a civilização e existência. 
Com a destruição da civilização como a conhecemos Miguel cria nichos populacionais extremamente vigiados e armados com humanos não possuídos sobre os quais reina como um guardião supremo deixando a uma elite de humanos o controle das cidades.
A diversidade de tipos de sociedade que surge disto em cada uma destas cidades é muito interessante e na medida em que vamos acompanhando os capítulos iniciais percebemos que as fontes onde foram beber os criadores é vasta e eclética.
A criança salva por Miguel em Legion é agora a grande esperança salvadora do mundo, um novo messias, um novo Jesus Cristo, Krishna ou algo do gênero, só que tão bem guardada sua identidade(só um humano dado como desaparecido sabe quem ou onde ela esta) que nem o próprio arcanjo sabe quem ela é, já para evitar que Gabriel intente contra a vida dela. 
Com o passar do tempo um culto se cria em torno desta criança mostrando que na falta de Deus, algo ou alguma coisa deve suprir a necessidade das pessoas em crer, até a dos próprios anjos.
Passaram-se 25 anos onde estaria tal criança? 
Com a aparição surpresa na capital de Miguel do humano que sabe de sua identidade surgem os questionamentos sobre quem esta seria e claro; Gabriel tem mesmo ali no mais cerrado reduto de Miguel seus espias e seguidores e estes estão bem atentos sobre o rumo que as coisas tomam...
O detentor do segredo aliás retorna e traz consigo uma nova e inquietante novidade.
Na grande sublevação de Gabriel as hierarquias superiores de anjos não tomaram parte ou seja; se não defenderam a humanidade também não apoiaram o arcanjo mas agora alguns dos maiores e mais poderosos seres angelicais estão se juntando a este e o frágil equilíbrio e o impasse entre os dois contendores parece prestes a terminar e uma guerra de proporções inimagináveis ameaçara definitivamente não só os humanos mas a criação inteira.

Percebo que para os criadores atuais pouco importa o rival da humanidade contanto que o antigo rival seja o menos acionado possível, ainda que mais cedo ou mais tarde ele as vezes apareça.

No livro mais famoso escrito por Spohr, A batalha do Apocalipse o grande vilão é Miguel e progressivamente Gabriel ajuda o anjo herói da trama a lutar contra este. Lúcifer aparece nos bastidores, como uma sombra que espera os acontecimentos para ver se terá para si algum proveito.

Em Supernatural ele é o arqui vilão de uma das temporadas mais eletrizantes mas depois some num embate épico com o Arcanjo Miguel em um poço profundo(seria o tal lago de fogo do Apocalipse onde até os dois maiores males da humanidade, o inferno e a morte serão lançados?). Tanto ele quanto Miguel queriam fazer de avatares perenes os dois irmãos protagonistas da trama Sam(de Lúcifer) e Dean(de Miguel). 
O arcanjo Castiel aparece na trama como uma entidade angélica que percebendo as implicações deste drama e com o sumiço de Deus, nota nos irmãos uma forma de frear o Apocalipse que se avizinha. 
Depois contudo do sumiço dos dois arcanjos rivais o mundo arcangélico perde o rumo de vez. Uriel por pouco tempo e Rafael um pouco mais se tornam vilões e finalmente o próprio Castiel ao se tornar imensamente poderoso e decretar-se o novo Deus assume a função de grande vilão. 
Neste meio tempo o inferno tem novo suserano, um demônio(os demônios seriam na série entidades humanas mortas perdidas no mal de há muito, não anjos) Crowley(toda comparação com o famoso Aleister NÃO É  mera coincidência rs) se torna rei do inferno mas contra ele ressurge um cavaleiro infernal(uma entidade difícil de assimilar já que não fica claro se é de fato angélica, humana ou outra coisa)...Abaddon um terrível ser infernal de gênero feminino. 
Quando Castiel cansa de fazer o papel de tormento da série eis que surge Metatron para 'humildemente' aceitar o manto de divindade. 
Nesta miscelânea de mitos, entram vez ou outras deidades pagãs, e para quebrar o ritmo um pouco da trama angélica corre paralelo as mitologias dos vampiros e lobisomens e vez ou outra um fantasma ou outra sobrenaturalidade qualquer(uma série aderente deverá na próxima temporada das séries a se iniciar em Outubro focar mais nestas mitologias, a mesma se passará em Chicago tendo um humano caçador e um metamorfo como protagonistas). 
Tudo isto embalado pelo mais puro e perfeito gênero rebelde musical; o rock' roll, e este, clássico!

Em Dominion por enquanto nem sinal de Lúcifer!

Mas isto, esta entrada sútil do sumiço de Deus no cenário pop atual é coisa recente?

NÃO!

Localizo este fenômeno BEM velado já na obra prima de Win Wenders dos anos 80, ASAS DO DESEJO(refilmado com grande sucesso de bilheteria por Hollywood como CIDADE DOS ANJOS e com os mega astros Nicolas Cage e Meg Ryan como protagonistas) em que um anjo(Damiel) deixa ou abre mão da ventura celeste para abraçar a singularidade da situação humana... apaixonado pelo amor e por uma humana ele 'cai' e se torna um de nós deixando seu companheiro celeste mais próximo(Cassiel) aturdido. Na posterior continuação deste, TÃO LONGE...TÃO PERTO...onde o protagonista é Cassiel, este 'sumiço' divino continua muito sutil mas um pouco mais evidente e Lúcifer dá as caras ainda que não como o vilão consagrado no mundo cristão.

Mas é numa série de filmes iniciada em meados dos anos 90 que vi com mais nitidez este fenômeno atual...

ANJOS REBELDES!

Foi neste, no primeiro e melhor filme de uma série de outros, que para sermos bem sinceros faz parte do gênero FILMES B que percebi mais forte este contexto de 'ausência de Deus' do mundo e o mundo angélico perdido diante desta nova realidade. 
Afinal os anjos pintam e bordam e ninguém os limita!
Os filmes desta série não dizem em nenhum momento que Deus sumiu, se escafedeu mas o clima todo é exatamente este!
Gabriel o grande vilão da série( acaba se redimindo no terceiro filme) interpretado brilhantemente por Christopher Walken , faz uma nova revolta no céu e passa a perseguir na terra os anjos que não aderiram a seu grupo e que tentam evitar que ele use um humano para desencadear o apocalipse sobre a terra o qual destruirá aqueles por cuja causa ele fez uma nova rebelião...os humanos, os quais chama desprezivelmente de macacos. 
Lúcifer neste filme inicial, vivido pelo futuro rei de Senhor dos anéis, Viggo Mortensen é mero adendo trevoso que acompanha interessado os rumos da nova guerra nos céus.
No primeiro filme da série o herói é um ex padre  que perde a fé exatamente quando deveria ser ordenado, vivido por Elias Koteas e quando assediado pelo anjo Simon vivido por Eric Stoltz, reluta muito em aceitar que o sobrenatural ressurja agora em sua nova vida agnóstica como detetive policial. O filme ainda conta com as atrizes Virgina Madsen e Amanda Plummer...
Miguel, vivido por Eric Roberts só aparece no segundo filme, já sem a maioria dos nomes  famosos do primeiro só presente temos o essencial: Walken ainda como vilão.
Com a redenção de Gabriel no terceiro filme da série esta resgata Lúcifer nos seguintes como grande vilão mas a força criativa por traz da mesma, ainda que limitada pelo orçamento não muito polpudo já foi para o espaço há muito tempo.

Depois desta série e já com Supernatural em evidência um outro filme, GABRIEL contou novamente a mesma história dos outros, mas com toques muito pessoais...aqui mais uma vez Lúcifer deve ceder lugar a um novo vilão arcangélico...MIGUEL. 
Se não fez tanto auê quanto Anjos rebeldes o filme aproveita com rara felicidade o tema, construindo novas hipóteses para uma nova revolta angélica e a implicação disto para a humanidade. E claro, contribui para o tema em questão: 

ONDE ESTARIA DEUS NISTO TUDO?

Portanto o que estaria se passando nos meios criativos tanto literários, quanto cinema e TV?

Estamos diante de uma rebelião sutil mas ostensiva contra a ideia de Deus presente no mundo?

Ou simplesmente é mais interessante apresentar o mundo, quando enfoca-se estas entidades ditas celestes, como um cenário onde a ausência de Deus implica desafio e conflitos, o que convenhamos para uma narrativa é bem mais interessante do que se Este estando presente pudesse boicotar qualquer nova rebelião ou algo do gênero?

Será que pouco a pouco este lado da filosofia de Nietzsche este encontrando eco no mundo da arte pop fora das esferas dos debates acadêmicos e filosóficos mais rebuscados?

E MAIS!

PORQUE ATRAI TANTO E FAZ TANTO SUCESSO JUNTO AO PÚBLICO ?

Será meramente por conter esta coisa do sobrenatural e este, não importando como é narrado, atrai por si só ou este elemento subversivo do sumiço de Deus desperta algo nas pessoas, algum botão íntimo cujo sentido seja uma mágoa pelo sagrado pelo qual podemos interpretar como abandono de sua criação?

Talvez olhando tudo o que já enfrentamos e o que estamos a enfrentar e diante dos péssimos exemplos de 'seguidores de Deus' que temos neste mundo algumas pessoas, um número cada vez mais substancioso delas, estejam questionando...

ONDE ESTA REALMENTE DEUS?

Diferente dos ateus originais, os quais também atualmente estão em alta como Richard Dawkins e cia estes me parecem não completamente descrentes de Deus mas PERPLEXOS!

Exatamente como os anjos retratados em tais obras!

Esta perplexidade pode ser na verdade um grande grito de socorro que a atual geração de humanos, distantes da fé mais simples do fiel que sofre mas consegue crer naturalmente que algo ou alguém continua, APESAR DE TUDO, no leme das coisas...tem bem lá dentro de si, esperançosamente esperando que sejam ouvidos!

Portanto, esta perplexidade encontra porto nestas obras que parecem refletir esta expectativa e este aturdimento da geração atual frente aos desafios da vida.

Talvez só agora as indagações de Nietzsche finalmente tenham deixado de influir em meia duzia de intelectuais e passaram sorrateiramente através da mídia pop a tocar em cordas mais sensíveis de corações nunca antes tocados por seus escritos.

Os livros mais populares, os filmes, os seriados parecem estar pouco a pouco levantando a bola do sumiço de Deus, ou como diria Nietzsche, de sua 'morte', com mais sucesso que o próprio escritor consagrado.

Se isto significa ou não que estejamos diante de uma civilização que ameaça se secularizar de vez ou se apenas encontra neste tipo de entretenimento uma forma de dar vazão à sua busca perplexa por aquilo que não vê apesar de definido como o autor de todas as coisas...só com o tempo veremos...

Para os anjos da ficção o sumiço de Deus pode estar apenas no início de sua fértil saga!

Para nós humanos a constante propagação de sua Presença através de emissários fervorosos mas carentes de vida genuína, verdadeira e factuais, que possam ser definidas como realmente sagradas em meio ao nosso caos, cria cisões  cada vez mais difíceis de costurar em mentes mais sensíveis, para aceitarem afirmações simplistas com a mesma facilidade de outrora.

Seria talvez este mais um indício de seu sumiço?

Os vendilhões do templo cada vez mais vorazes e o radicalismo cada vez mais em alta?

Ou ao contrário; estamos vendo o que acontece quando sua Presença é negligenciada, distorcida, mau aproveitada e não assimilada?

O que advirá disto?

Os apocalipses preconizados?

Ou no meio do clamor mais agudo um fiat de lux que finalmente revele...

O QUE SOMOS?

DE ONDE VIEMOS?

E PARA ONDE VAMOS?

Voltando a Nietzsche, talvez possa estar enganado mas no fundo SHIVA, a entidade divina vista por um dos grandes veios da mitologia hindu possa ser o Deus que no fundo a alma deste filósofo buscava.

 Afinal não foi ele que disse através de Zaratustra:

EU SÓ ACREDITARIA EM UM DEUS QUE SOUBESSE DANÇAR?

Pois então...

SHIVA É O GRANDE DANÇARINO CÓSMICO E O DEUS QUE NÃO TOLERA ESTAGNAÇÕES E CRISTALIZAÇÕES DE ESFERA ALGUMA...
UM DEUS QUE DESTRÓI PARA POSSIBILITAR QUE O NOVO RECONSTRUA O MUNDO E QUE O BEM SEJA SEMPRE AQUILO QUE DESPERTA A CRIATIVIDADE NOS HUMANOS...
QUANDO ESTA CESSA TORNA-SE O MAL E ESTA NA HORA DE MUDAR!

OM NAMAH SHIVAYA

Valter Taliesin 

VÍDEOS SAGRADOS

RICHARD STRAUSS
















FONTE YOUTUBE






FONTE DE IMAGENS GOOGLE











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