Em outro dia na vídeo conferência discutimos sobre a preguiça e além do usual sobre a mesma do negativo, conseguimos captar um lado positivo e esta são as minhas considerações sobre o tema e o que apresentei para embasar meus argumentos.
PREGUIÇA COMO ELEMENTO EVOLUTIVO
Pode ser que a imagem suma futuramente...desisti de colocar as mesmas por isto...se assim for fica o texto em que foi baseada...
Esta bela imagem pode ter diversas leituras mas eu prefiro aqui ver como Quintana o lado bom da preguiça. Um trabalhador rural, vivendo em um lugar paradisíaco em uma manhã de domingo junto com seu companheiro, seu cão esta a pescar; após comerem a merenda que levaram para o passeio. Ali...depois de tentar ler um pouco o trabalhador sucumbe a uma soneca deliciosa e ao seu lado o cãozinho lhe acompanha. Com certeza o peixinho agradeceu à preguiça do indivíduo mas esta imagem reforça o lado bom da preguiça quando mostra que é extremamente necessário momentos como estes para que o equilíbrio seja restaurado tanto interiormente quando em torno de si. A própria imagem mostra que este equilíbrio entre ócio e atividade dos humanos é vital para o ecossistema como um todo. Aliás, estamos no ponto em que estamos por um desequilíbrio total em nossas atividades...excesso de atividade tanto laborativa quanto recreativa dos humanos...quando entendemos até nossas recreações com intensas atividades podemos estar sinalizando que nosso descanso virou um cansaço diferente. Exemplo...o cara trabalha a semana toda gastando horas no labor e nos dois dias de descanso semanais gasta com atividades recreativas que exigem um esforço físico e cerebral equivalente ao labor...resultado; tirando que estava fazendo algo que realmente queria o dispendido no recreativo é igual o do labor. Ele não descansou, a natureza idem e assim na segunda feira o cara esta mais morto do que vivo...
Texto de Mario Quinta a sobre a Preguiça
Da preguiça como método de trabalho
Mario Quintana […]
(A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda. Não poderia viajar pelo mundo inteiro. Conta-se que em fins do século passado, num remoto país do Oriente, a viagem da capital à fronteira levava nada menos que trinta dias, e ainda por cima a lombo de camelo. E sucedeu que um engenheiro britânico ali residente, em nome do progresso, resolveu remediar a coisa. — Enfim – concluiu ele, após uma audiência com o respectivo xá, ou coisa que o valha – , construindo-se a estrada de ferro de que o país tanto necessita, a viagem até a fronteira poderá ser feita em um só dia! — Mas – objetou o velho monarca que o ouvira com uma paciência verdadeiramente oriental – o que é que a gente vai fazer dos vinte e nove dias que sobram?! … E mais confortador das longas viagens de trem são esses burricos pensativos que vemos à beira da estrada e nos poupam assim o trabalho de pensar… Certa vez abalancei-me a um trabalho intitulado “Preguiça”. Constava do título e de duas belas colunas em branco, com a minha assinatura no fim. Infelizmente não foi aceito pelo supercilioso coordenador da página literária. Já viram desconfiança igual? Censurar uma página em branco é o cúmulo da censura. Em suma: o que prejudica a minha preguiça prejudica o meu trabalho. Compensação: Suave preguiça que, do mal querer E de tolices mil, ao abrigo nos pões… Por tua causa, quantas más ações Deixei de cometer! [Mario Quintana – Editora Nova Aguilar, página 631] )
Comentários meus sobre o texto
Bem...interessante que ele enfoca a preguiça por um lado completamente diferente do usual. Entretanto não deixa de alertar sobre excessos quando cita os burros ao longo da estrada de ferro a pensar por nós.
O que percebemos lendo um texto assim é que como tudo na nossa vida a preguiça tem não só um oposto...a diligência, o trabalho, quanto ela em si pode sim ser vista como característica de algo bom.
Como ele bem diz, se não fosse ela não inventaríamos o carro com rodas...e como ele apresenta, a linha férrea. E diria mais...antes do carro com rodas o próprio ato de usarmos animais como o próprio camelo citado, cavalo etc...como veículos de carga e locomoção caracterizam esta busca por maior agilidade com menos esforço já vem de tempos. O ato de assar alimentos ao fogo ou cozer caracterizam a mesma coisa; a busca por comer com mais facilidade, diferente do alimento cru que exige maior dificuldade...mesmo o plantio e a criação, caracterizam uma busca por alimentos sem ter que colher ou caçar nas matas, muitas vezes se deslocando sazonalmente em busca dos mesmos. Mas sempre, desperta a qualidade boa da preguiça a inventividade humana acionava seu oposto, o trabalho para conseguir aquilo que iria solucionar aquele problema. Isto mostra que de fato o trabalho é um oposto, um rival do lado ruim e excessivo da preguiça mas é um aliado contumaz de seu bom lado. E quando visto da perspectiva correta, e implementado com equilíbrio, pode ajudar e não ser um tormento no bem estar humano na Terra.
Interessante isto...a busca por conforto e menos tempo dispendido no oposto à preguiça ou seja, no trabalho(excessivo) mostra que a preguiça em si tem realmente um lado bom. A primeira coisa deste lado bom é descansar...sem descanso o ser humano não é nada. Uma pessoa extenuada não só não funciona direito quanto no final sucumbe quer desistindo ou até morrendo no processo.
Depois desta qualidade essencial boa de descanso a preguiça desperta outra, o conforto...a busca por conforto mostra que o ser humano tenta associar o lugar em que esta com aconchego. De fato nosso lar é uma versão maior do útero materno...do lugar mais aconchegante que todos os humanos tiveram um dia. Ser "expulso" dali foi um processo extremamente traumático...é uma verdadeira "morte" para a eternidade e a entrada em uma "semivida" cíclica, datada, completamente imprevisível e extenuante na maior parte do tempo. Admira que queiramos as vezes descansar? E neste processo em um lugar que lembra o último lugar que entendemos confortante e seguro? Assim nossos lares são construídos para refletir aconchego, segurança o mais próximos possível do útero materno, o lugar mais confortante e seguro possível após o encarne.
Depois temos a celeridade...SIM! A pressa pode ser inimiga da perfeição! Talvez uma caminhada, um esforço físico fosse mais seguro do que montar um animal, um carro e cia que podem causar acidentes no embalo da pressa mas quando percebemos que a celeridade nos possibilita economizarmos tempo e com isto agilizarmos a nossa evolução e de nosso grupo social isto soa muito bom.
Talvez tenha mais mas estas 3 qualidades positivas...descanso...conforto e agilidade me parecem refletem bem a intenção do autor deste texto em retratar a preguiça com seu lado bom mas...os burros na beira da linha férrea pensando por nós é sempre um alerta de que tais qualidades boas tem limites e que o oposto da preguiça também é vital. Equilíbrio!
Esta é de fato...de direito e dever a palavra de ordem!
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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