Van Gogh e Paris
A arte tem heróis, vilões, párias, narcisistas, egoístas, génios, medíocres, loucos, deuses,
demônios, anjos, trevosos, iluminados, perturbados, pecadores, passionais, amantes,
bipolares, boémios, hedonistas, depravados, angustiados, depressivos, alucinados, marginais, intensos, prolíficos, comedidos, magos...
Geralmente homens...mas há mulheres...
o que se explica não pelo talento único destes mas
pela intensa repressão social à estas... até mesmo, pasmem no mundo turbulento e revolto das artes.
Para as mulheres a melhor posição segundo me parece, ditada por este mundo era a de modelo. Da grande maioria dos quadros os 5 temas mais recorrentes e universais são: A Mulher, O Sagrado, O Mitológico, A Natureza e o Histórico. Mas a mulher sempre quis mais... mais que tema quis ser criadora e assim, principalmente nos séculos XIX e XX inúmeras artistas surgiram mundo afora. Mas a desigualdade permanece... quantas artistas femininas de ponta tem seus quadros avaliados no patamar de um Van Gogh? Um Leonardo? Um Picasso? Um Rafael? Um Renoir? Um Rembrandt?
Lembrou de alguma? Eu não!
E repito, isto não reflete a diferença de talento mas a visão de função social, sexual e espiritual que imperou até hoje!
Enfim... talvez com o tempo isto consiga ser corrigido.
De todos os artistas e mesmo entre a nata, no topo do Olimpo, para muitos o maior esta Van Gogh...
E não há santuário maior para a arte que Paris...
Estes dois, Paris e Van Gogh, sintetizam em si tudo isto acima. Artista e Estúdio...Gênio e Templo...penetram no inconsciente coletivo humano como luz e trevas ... como um amálgama de todos os sentimentos que forjam os gigantes das telas e pincéis.
Cada um tem seu artista favorito e sua cidade luz que lhe apetece mas como síntese da arte sinceramente não encontro melhores exemplos que Van Gogh e Paris.
Os dois tem o Q de transgressor, prometéico, que perpassa a arte em todos os tempos de forma que me parece na medida certa para serem pontos focais definidores. Neste sentido e SÓ neste a arte tem um que de diabólico... um que de Anjo Caído... mas como namora intensamente o sagrado, o divino... e sendo o diabólico nada mais do que energia divina destemperada... talvez por isto a maioria dos artistas e a arte em si... mesmo focando em temas universais e todos de grandeza divina intrínseca, está tão profundamente imersa no caótico, de almas que parecem perdidas! Talvez, para melhor captar a essência das coisas e dos seres e sobretudo do eterno há que antes perder-se nas profundezas abissais de si mesmo e daquilo que sustenta a Ordem...O Caos!
Talvez por causa de todas estas trevas e luz... a arte seja tão divina... tão sagrada... tão paradoxal...
Para o humano perdido na contradição em si, de si mesmo, a arte como a religião é o canal que extravasa toda a angústia existencial que ele percebe entranhada em si... e nisto... mais uma vez...
Paris e Van Gogh definem como absoluta maestria...
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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