DEUS DAS TEMPESTADES!
O uivo dos ventos chega aos meus ouvidos como se estourassem os tímpanos tal é o poder da voz das águas que descem dos céus e das nuvens revoltas e iradas, como se soubesssem da imensidão de sujeira que esta grudada em torno da terra.
As trevas abissais parecem advir de um outro mundo, sim advém de um outro mundo, o mundo das divindades esquecidas, dos mitos que passaram, das lendas que se foram arrastadas pelos fanatismos e exclusivismos absurdos e absolutos ...histórias que amedrontavam crianças e impunham respeitos nos ouvintes de outrora.
Do meio das trevas uma voz ruge e de seu rugir descem as águas que parecem confundir-se com a massa amorfa e fétida, represadas pelas energias desqualificadas da humanidade.
Houve um tempo que tais águas e o Deus que elas evocam desceram com tal impeto sobre os céus da terra que dizem, um dilúvio universal de pena e contrição destruiu toda a civilização de então...os humanos foram renovados, uma nova era começou e o carma coletivo foi purificado pelas águas que mais que torrenciais, eram puras energias de transformação.
As mãos do Deus da tempestade estendeu-se sobre o mundo de então e imponentes cidades, templos suntuosos, e um povo que de há muito houverá esquecido o que era o amor genuíno, verdadeiro e real deixou de existir.
Enlil, Yahveh, Set, Thor, Shiva, Teshub, Baal, Zeus... o senhor das tempestades tem recebido tantos nomes em tantas tradições mundo afora e em algumas nem é senhor mas senhora...mas o poder, a força, a majestade a todos traz um senso de respeito, de reverência ao sagrado que no fundo brota de dentro, do lugar secreto dos humanos que reconhecem no poder externo a emanação do que esta dentro dos humanos.
Esta sintonia entre o senhor dentro e o senhor fora é a perfeita sincronia entre conceito e manifestação...
O conceito é o sagrado que trazemos embrionário dentro de nós querendo expressar-se integralmente, a manifestação é este sagrado em nós, ao redor de nós, presente em cada esfera do ser e do agir, esta interação entre humano e natural, que cria os carmas e interações coletivas da humanidade e do ambiente em torno de si.
No fundo o grande senhor das tempestades é o dispenseiro do carma coletivo humano.
Um grande reflexo do próprio juiz interno em cada um de nós.
Um juiz sim severo, mas um juiz que sobretudo esta interessado no bem maior de cada humano e de cada ser vivo.
Cada expressão externa dos nossos deuses mais queridos ou temidos são expressões manifestas do senso interno de amor e justiça que trazemos dentro de nós.
E assim nos aproximamos de mais uma era onde o julgamento parece inevitável e poucos percebem que o senhor da justiça é uma face tão legítima quanto a do senhor do amor do divino e estas na sua mais alta expressão estão exatamente dentro enquanto manifestação do ser acima dos conceitos.
Um dentro que é como um ninho de luz, gestor de novas divindades individuais e criativas que fazem do mistério da vida um mistério da consciência do EU SOU.
Amor e Luz
Valter Luis
Taliesin
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