sexta-feira, 9 de setembro de 2022

- ELVIS - ANÁLISE DO FILME RECENTE -

 - ELVIS - EUA - 2022 - Nota 10+ - 🌟🌟🌟🌟🌟 -


Baz Luhrmann(Moulin Rouge, O Grande Gatsby, Vem Dançar Comigo ) dirige e  Austin Butler( Era uma vez em Hollywood, As Crônicas de Shannara e futuramente… Duna 2) mais Tom Hanks, que dispensa apresentações, estrelam está brilhante e inspirada biografia do Rei do Rock( ele mesmo contudo rejeitava o título e preferia outorga-lo a artistas negros como Fats Domino). 


O filme tem cenas poderosas e entendemos porque, apesar dos protestos do próprio Elvis, este foi nominado como rei do rock. Elvis representa, em pleno fervor racista de meados dos anos 50 e no início dos conflitos raciais que marcaram a segunda metade dos 50 e década de 60 do século 20, a fusão de dois mundos… o branco e o negro… ao adoptar o estilo de cantar e principalmente dançar dos artistas negros! Mais do que uma apropriação como querem seus detratores o que Presley fez, e o filme é extremamente feliz em mostrar isto, foi trazer para os holofotes, para o centro do palco da vida americana e quiçá mundial, a então marginalizada cultura negra da música americana! O rock nos aparece no filme não meramente como um ritmo transgressor somente mas como uma extensão mais vibrante e sensual do gospel, do spirituals e do rhythm and blues. Uma junção de espírito e carne privilegiando a ligação entre eles… a alma! Elvis não é o rei do rock por ter criado este mas por ter, a partir de si transformado este num fenômeno global! Claro, não o fez sozinho… outros artistas, tanto negros como brancos estavam ali na origem de tudo(e o filme nos brinda com cenas de alguns deles como: Little Richards e B. B. King)…mas… sem o ponto de mutação que foi Elvis não sei se o que veio depois( a explosão do rock) seria possível. Assim como o que veio mais à frente, no meio década seguinte, a partir de Beatles e Stones, deve muito a estas duas bandas. 


Das cenas iniciais, mostrando o garoto/miúdo Elvis vivendo nos guetos dos negros ( sua mãe, pelo pai ter sido preso, não tinha condições de viver nos bairros brancos mais caros) e descobrindo a música negra, tanto na vida mundana quanto no fervor dos cultos evangélicos pentecostais… e toda a cacofonia de sons, gestos, danças e êxtase que estes contém, potencializados pela alma negra já de vibrante emoção; passando pelo rapaz que começa a se apresentar com uma certa androginia que escandaliza os homens de então mas que encanta as mulheres…pelo que acontece na junção de voz, ritmo, dança, estampa e carisma nele; até o mega-star de sucesso mundial e por fim o ocaso não menos dramático…o filme nos faz um retrato digno do mito.


Mas o filme não é só Elvis… a narrativa e condução e de certa forma co-protagonismo é do Coronel Tom Parker, personagem de Hanks (Butler claro é Elvis) seu enigmático agente. Uma figura das mais controversas até hoje no mundo artístico. A relação entre os dois é o fio da meada escolhido por Luhrmann para nos apresentar ao mais forte candidato ao posto de maior estrela e mito da história da música universal! Os rivais para o posto se resumem a meu ver, em meia dúzia quando muito … talvez menos ou um pouco mais…quem sabe uns doze, de nomes que podem ombrear com ele como: Frank Sinatra, Michael Jackson, Madonna, John Lennon, Paul McCartney, Freddie Mercury, Prince, Bob Dylan, David Bowie, Jim Morrison, Jimmi Hendrix, Janis Joplin…enfim …  um cara realmente singular! O final a meu ver faz uma certa concessão às teorias de conspiração… falasse da morte de Elvis… mostrasse cenas do cortejo fúnebre real e do túmulo mas.. não há cenas da morte… o filme não encena este ponto tão importante… talvez porque não houve testemunhas dele já que Elvis foi encontrado morto segundo dizem, ou …é como se Luhrmann deixasse em aberto, para conclusões mil… 


Elvis é um filmaço que fez (ainda faz) grande sucesso nos cinemas mundo afora, tem seus dois intérpretes desde já sendo cotados às premiações do ano do cinema( Butler literalmente incorpora Elvis… não conheci Parker, mas dizem que Hanks fez o mesmo com ele)… tem as deliciosas canções do rei…tem as cenas dos seus 3 ou 4 mais lendários shows… sua relação com pai, mãe, a eterna musa e amada Priscilla e indiretamente sua relação com Deus; traz o problema com as medicações para continuar fazendo shows sem descanso e principalmente fez ressurgir no mundo as discussões, tanto a favor quanto contra, da verdadeira relevância do legado de Elvis para a música mundial. Desde semana passada, apesar de ainda estar em cartaz nos cinemas, já está disponível no streaming da HBO MAX. 


Valter Luis (Taliesin)







Músicas de Elvis 



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