sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

- PERSÉFONE/CORÉ- A DEUSA DAS DUAS FACES -

Boa noite… bom fim de semana…


PERSÉFONE…CORÉ


Antes Coré a deusa ruiva da primavera (em algumas imagens castanha e até loira) agora a deusa infernal do mundo dos mortos… Perséfone.

O drama da filha de Deméter e Zeus ( ele não se fazia de rogado …passava “cerol” em tudo… todas e até…dizem algumas línguas clássicas…todos… não contente em casar com a irmã Hera,  foi amante da outra… Deméter… Héstia escapou porque se auto-colocou um cinto de castidade perpétuo daqueles) é um dos mais comoventes da mitologia universal. 

Segundo a vertente que mais acho interessante do mito, Coré era uma linda jovem adolescente, vestida de vestes esvoaçantes brancas … algumas vezes rosa ou vermelha…grinalda de flores na cabeça, mais parecida com uma ninfa do que uma deusa, que se apaixonou perdidamente por ninguém menos que seu irmão por parte de pai, Dioniso, então mais identificado com o selvagem deus da vegetação, das vinhas e dos bacanais ou seja; Coré realmente queria se melar no gozo! Mas um dia, antes que o voraz deus conseguisse “devorar” a bela deusa primaveril (ou ser “devorado” por ela.. sabe-se lá) esta estava a passear nos campos quando o chão próximo aos seus pés se abriu… fumo e fumaça de puro enxofre encheram suas narinas tonteando-a e um gigante moreno… cabelos longos, tez bem bronzeada, vestido de um majestoso manto negro com diversas predarias riquíssimas( não se esqueça que como deus das profundezas infernais ele detinha o poder das riquezas dos veios da terra …por isto, para os romanos …era Plutão) Hades, seu tio, surgiu em um corcel infernal e a arrebatou sem dó nem piedade para o submundo. 

Não demorou muito Deméter soube da desdita da filha e buscou o irmão para que lha entregasse. Não conseguindo, buscou o irmão dos dois, o pai da filha, para interceder e nada… Hades continuava irredutível. Enquanto isto…provavelmente Coré estava sendo “iniciada” nos mistérios infernais por seu ardoroso raptor. 

Deméter então tomou uma medida drástica. Sem deusa da primavera o mundo estava em desequilíbrio, estando em desequilíbrio…não haveria colheita e as demais estações se desorganizariam inclementes. O mundo virou um caos! Os humanos clamaram aos deuses, e até estes começaram a sofrer os efeitos da recolha de Deméter a deusa da Terra. Resultado… Zeus e os deuses obrigaram Hades a devolver Perséfone!

Este acedeu mas… malandragem das malandragens… deu para ela comer uma romã do inferno! Com isto, estaria condenada a pelo menos passar metade do ano no reino infernal com ele. Eu sinceramente tenho para mim que isto é um eufemismo! Esta romã soa como o “fruto proibido” … o bom e velho sexo. Com certeza Hades, apaixonado e afogueado como estava, fez seus avanços sedutores sobre Coré e esta, com o tempo, acabou seduzida por ele. A romã a meu ver fala desta sedução e desta “queda” da deusa primaveril. ALI  nascia Perséfone a rainha do submundo! A deusa infernal! O Anjo da Morte! A Senhora da Noite! A primaveril Coré era agora também a invernal Perséfone! Cindida em duas a deusa agora terá que viver em dois mundos! Quando na superfície será Coré a rainha primaveril… quando no submundo será a rainha invernal Perséfone. Esta é geralmente retratada como uma linda morena com semblante melancólico. Mas algumas vezes com os cabelos ruivos de sua encarnação como Coré. Vestimenta negra ( as vezes arroxeada) tão ricamente montada em pedrarias como Hades e ladeada por dois enormes cães negros. Algumas vezes porta asas, estilo o tipo que associam aos demônios, como morcego e outras com penas negras. Mas Perséfone não esquece de todo sua antiga vida. Quando volta ao mundo da superfície não só retoma o manto luminoso da deusa primaveril, como seu romance com Dioniso. Este agora ascendeu e se transmutou igual à amante. Antes, ambos estavam ligados aos mistérios da terra;: primavera, vegetação, colheita, flores, vinho… diria que estavam na mesma vibe! Agora, Dioniso tornar-se no Senhor da Luz, O Grande Deus dos mistérios iniciáticos urânicos, uma face ainda mais luminosa do sol do que o próprio Apolo enquanto Perséfone é o extremo oposto; é a misteriosa face da Lua Negra, a Senhora das Trevas, a Grande Deusa dos mistérios iniciáticos ctônicos; Mas ali… quando ela retorna como Coré, ambos abandonam estes extremos e voltam a ser a Coré e o Dioniso dos antigos dias. Eu sinceramente não lembro se tem alguma vertente dos mitos que fala algo a respeito mas, assim como Coré enquanto Perséfone tem outro parceiro, provavelmente Dioniso enquanto Senhor da Luz deva ter outra. Foi um destes arranjos bem interessantes que os antigos encontraram para Coré/Perséfone ser feliz a qualquer custo não? 

Perséfone enquanto rainha infernal é puramente temperamento melancólico/fleumático… como Coré é sanguíneo/colérico com gosto! Como disse no texto de Hermes, tanto ela quanto Dioniso se aproximam da síntese que este faz em si dos temperamentos. A diferença é que aquele, a meu ver, quando se torna no Hermes 3 Vezes Grande, reparte igualmente em sua nova personalidade os 100% dos temperamentos: 25% para cada um …partindo do melancólico, seguindo para o fleumático, depois sanguíneo e em seguida o colérico. Ele sintetiza em si a antiga visão que se tinha sobre ele(sanguíneo/colérico) dos tempos de senhor da encruzilhadas, patrono de ladrões, pastores, comerciantes e diplomatas, com uma nova visão ( melancólico/fleumático) do mistério do deus do conhecimento, velocidade, guia dos mortos, escrita e um dos deuses …tanto da sabedoria ( com Atena), como da profecia ( com Apolo). Já Perséfone e Dioniso são, em cada uma de suas encarnações …plenamente 50% em cada uma delas …com a outra ali em semente, como germe, esperando sua vez. Não é definitivamente uma síntese de temperamento/personalidade mas digamos, uma coexistência pacífica entre eles em um único ser. Não se manifestam coesos os 4 mas cada par em seu tempo.

Um arquétipo estilo Perséfone/Coré mostra uma pessoa misteriosa. Mesmo quando jovial, primaveril esfuziante guarda um germe profundo de escuridão em si. E no oposto, mesmo extremamente gótica, soturna, turva, guarda um que poderoso de luminosidade. Pessoas assim podem viver a vida toda em uma das faces mas com esta presença dentro de si ou fazer como Perséfone e, vez ou outra, oscilar entre os dois mundos por um tempo. Talvez o ideal seria darem um passo a mais e fazer como Hermes: sintetizar em si ambas as existências! E serem coesamente seus dois mundos. Realmente Perséfone/Coré é um personagem intrigante! 


Pax et Lux 


Valter Luis (Taliesin)






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