segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O SENHOR DO JARDIM SECRETO: Um mistério profundo envolto pelo véu da literalidade....


Quando lemos estes textos míticos do Gênesis, mitos antigos partilhados de pai para filho bem antes da escrita da Bíblia, advindos da antiga Suméria de em torno de 5000 AC e com probabilidade de serem ainda mais antigos, ante diluvianos, de povos e raças cujas marcas se perderam no espaço/tempo, um personagem se destaca por sua atitude absolutamente incompreensível quando da tal tentação e queda humana...o próprio criador, o Senhor Deus ou Yahveh(IeHoVaH , Jeová) Elohim.

No mito vemos uma entidade que começa completamente cósmica, um ser misterioso, majestoso, que cria os céus e a terra, depois a partir do capítulo 2 temos uma entidade absolutamente antropomórfica, uma deidade que fala com o homem, 'passeia' pelo jardim, age como um ente com personalidade e geralmente esta intempestiva. 

Quem é esta entidade?

Seria Deus mesmo?

Ou como muito tem se falado nos dias atuais, um ser extremamente evoluído mas um alienígena?

Ou então quem sabe uma entidade angélica agindo em nome de Deus?

O fato é que no capítulo 1 Deus parece, digamos, muito mais 'divino' que no correr do restante do livro. No correr do restante do livro parecemos estar diante de um ser de carne e osso, principalmente em sua aparição não só ao casal original mas a Abraão por exemplo, quando de sua decisão em destruir as cidades de Sodoma e Gomorra.

Estas diferenças de enfoque na figura divina fez com que certos estudiosos interpretassem dois diferentes relatos de criação por exemplo...um eloísta, onde Deus aparece mais como digamos, um ente cósmico, Elohim que é uma palavra plural de EL nome cananeu para Deus(o feminino dele seria Elohá) portanto aqui poderíamos segundo interpretações estar diante das forças criativas universais sejam elas atributos divinos, entidades angélicas em nome do divino, ou deuses e deusas criativos. Obviamente como estamos tratando de uma religião monoteísta a visão corrente é que estamos falando, quando pronunciamos o nome divino Elohim, dos atributos divinos.

Já no capítulo 2  percebemos que esta entidade multifacetada ELOHIM torna-se YAHVEH, uma entidade personalizada...Estamos, dizem os estudiosos, diante do relato javista da criação.

Yaveh Deus ou Yahveh Elohim!

 É como se um destes atributos divinos, ou entidades divinas ganhasse um contorno, uma personalidade!

 É como se esta força cósmica suprema se aproxima-se mais de sua própria criação!

E tanto é assim que se observarmos bem este nome divino; YHVH, YaHVeH, YaH eVeH junta em si as duas energias de seu casal: YAH... o masculino Adão, e EVEH, o feminino Eva. 

Assim no nome da divindade esta a própria essência do casal original, no nome divino esta a revelação da IMAGO DEI do casal. Seria mais ou menos como se o Senhor dissesse: 

'VOCÊS SÃO MINHA EXPRESSÃO NA CRIAÇÃO...HOMEM E MULHER...MACHO E FÊMEA, DOTADOS DE PODER CRIATIVO E DIRETIVO COMO EU.'

Não estamos portanto diante de um pai barbado e cabeludo da tradição literalista mas de um dos ELOHIM ou seja; um atributo, uma face divina manifestada como PAI/MÃE da vida, masculino e feminino em plena conjunção e ação criando o homem.

Já disse em outro texto que prefiro ver tanto na criação dos humanos do capítulo 1 quanto na do 2 como uma sendo o complemento da outra. 
Na primeira homem e mulher são um ser só, hermafrodita...ADÃO E LILITH...na segunda há a separação dos sexos Adão continua Adão mas Lilith agora chama-se EVA.

Porque entendo assim?

Porque percebo neste texto que o mito original em verdade tratado alegoricamente fala da humanidade primeiro como um ser original único e depois entende a separação dos sexos como um conflito íntimo neste ser original, aquilo que a tradição judaica fala da rebelião de Lilith contra Adão pelo predomínio sexual. 

O ser original portanto enfrenta na separação dos sexos um processo de dissociação em si do masculino e do feminino. Uma luta íntima para ver o que seria, e quem prevaleceria. 

No mito Lilith abandona Adão e torna-se um súcubo que o atormenta em sonhos gerando dele toda a prole dos elementais e criaturas da noite em conluios sexuais com o homem. 

Estamos diante de duas coisas aqui... 

Algo que explica o processo íntimo da criatura única original que no ato da separação dos sexos percebe-se em conflito profundo entre suas duas partes constituintes e entende-se por alguns instantes inimigo de si mesmo. Tudo o que gera de si neste processo de separação ainda não concluso são seres diversos do humano futuro, seres que povoariam as lendas e mitos humanos futuros como íncubos, súcubos, vampiros, lobisomens, elfos, fadas, duendes, salamandras, sereias, nereidas, silfos, gnomos, ogros, etc...

Então o Yahveh Elohim, ou Senhor Deus chega, se personaliza e intervem na crise do ser humano e o divide de vez em duas partes que devem se complementar através do ato sexual. Agora não mais em sonhos, com uma parte, aquela que se rebela e quer partir, como súcubo, mas como dois entes que devem se desejar, se amar, se querer, para fazerem de dois um...e neste processo a parte que se rebelou, que se tornou dissociativa dentro do hermafrodita original ao ser separada torna-se EVA...A MÃE DA VIDA e não mais A RAINHA DA NOITE, DAS TREVAS INTERIORES DISSOCIATIVAS, DOS SERES DIVERSOS DO HUMANO. Torna-se na luz em forma de mulher, A VIDA, pois a vida é luz.

Neste sentido para mim LILITH E EVA são a mesma pessoa a diferença é que uma representava o lado feminino em um ser hermafrodita e sua rebelião simboliza a crise deste ser em dividir-se em dois; e sua posterior manifestação é a entidade completamente resolvida após crise e que se torna parceira do lado masculino em uma nova experiência criativa. Antes eles já tinham recebido em si a ordem de crescer e multiplicar mas por causa da crise em si crescem e se multiplicam gerando seres diversos do humanos. Agora separados mas unidos pelos laços da união sexual devem gerar seres semelhantes a si mesmos...seres de luz, seres de vida, bem diversos dos difusos filhos e filhas da noite de antes, dos sonhos lascivos de Adão com Lilith.

Disse que entendia que estamos diante de duas coisas aqui, vamos então a segunda.

O que foi dito até aqui explica o mito interno mas não o externo da manifestação de YAHVEH ELOHIM e de sua relação com o ELOHIM original e os dois relatos diversos. 

Não nos esqueçamos que na tradição Lilith se torna a rainha das trevas e consorte do próprio Satã enquanto Deus tira outra mulher das costelas de Adão. Assim o mito também pode ser lido como uma demonização do lado feminino divino. Como uma rejeição de que Yahveh em verdade é Pai e Mãe...

A mulher em paridade com o homem é considerada um demônio e agora um ser aparentemente submisso deve lhe substituir. Mas se repararmos bem no mito, apenas após a tal queda vem a palavra que definirá a sujeição da mulher ao homem no capítulo 3(E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

Gênesis 3:16). 

Portanto o que estamos vendo em realidade é uma religião patriarcal tentando por toda maneira entender seu Deus por um prisma meramente masculino, mesmo diante de um nome que define uma dualidade na unidade que seja este YAHEVEH..YAH masculino fálico e  EVEH feminino, yônico.

O escritor posterior da tradição original opta por um texto onde a mulher vem como ajudadora, como uma necessidade do macho, do homem em sua solidão, não como no capítulo 1 um ser criado HOMEM E MULHER por Deus em paridade de condições IMAGO DEI com o sagrado.

Literalmente todo este texto é absolutamente absurdo.

Mas nas leituras que podemos fazer nele de outras formas o Senhor Deus, o Senhor do Jardim fica menos incompreensível e fabuloso e mais simbólico de verdades tanto interiores quanto exteriores da saga humana.

Internamente é o processo que culmina no fim da androginia original e no casal como entidade celular de uma nova era. 

Na androginia o humano conflita dentro de si até que a crise o separa em dois seres...na androginia diversas raças são criadas pelo homem mas nada semelhante a si mesmo, só quando separados em dois tornam-se pais de seres semelhantes a si.

Externamente vemos que o matriarcado é simplesmente demonizado pela religião patriarcal que escreve o livro...o período em que as tradições são colocadas em escrita(em torno de 1500 AC) na maioria das regiões do mundo as religiões sofrem uma grande metamorfose. Depois de milênios de matriarcado o patriarcado ou seja; a preponderância do Deus sobre a Deusa é um fato cada vez mais corriqueiro. Uma a uma as searas da Deusa cede lugar ao Deus pai, quer seja em panteões politeístas como o grego mas e principalmente no monoteísmo, como no culto ao Sol de Akhenaton e na religião mosaica por exemplo.

E contudo tenho para mim que quer antes do matriarcado simbolizado pela rebelião de Lilith e seu predomínio nos sonhos de Adão, quanto pelo patriarcado simbolizado pela Eva saindo da costela de Adão houve um tempo onde o divino e o sagrado eram entendidos em paridade no humano. Deus e Deusa era um e o mesmo mistério sem preponderância nem de um nem de outro. Este foi o estado original da religião original. Quando Lilith e Adão era um só em si mesmos sem nenhuma espécie de conflito. O divino transcendente visto por dois prismas diferentes mas complementares e absolutamente iguais no contexto de importância.

O Senhor do Jardim para mim portanto não é um álien, não é um ser angélico, não é uma entidade patética como somente uma leitura literal do livro possa nos passar mas a expressão máxima que um humano possa ter do divino...

 Deus e Deusa em uma única personificação que separa os sexos não para criar cisão mas uma interação ainda mais profunda entre ambas as partes que compunham o ser original através agora do sexo em amor entre eles.

Yahveh Elohim é portanto Deus e Deusa se separando em si mesmo e se relacionando em si mesmo como uma dualidade, um casal em amor para exemplificar para sua criatura como esta deve se relacionar entre si.

A guerra que cindiu o ser original portanto torna-se coisa do passado; Lilith se une à sombra do próprio Adão, Satã e este une-se à luz da própria Lilith, Eva e o equilíbrio se estabelece entre luz e trevas dentro da criação divina. No luminoso Adão o trevoso Satã oculta-se e na luminosa Eva a trevosa Lilith oculta-se e quando Eva e Adão se unem para criar humanos luminosos, Lilith e Satã se unem para criar uma nova raça de seres...os demônios.

Percebam que procuro ver o mito mais por um prisma interno que externo, focando o externo apenas quando vejo a luta do patriarcalismo em explicar a paridade original do casal original como sendo espúria e a união posterior do segundo casal com a mulher como 'ajudadora' do solitário homem como sendo a legítima.

Yahveh Elohim é a face de Deus que se torna um casal em si para fazer do humano um casal fora de si, mas exemplificando a si.

Assim como o Deus e a Deusa se unem no mistério YAH - EVEH ELOHIM, Adão e Eva se unem no mistério após sua separação em dois. O ELOHIM indiferenciado do capítulo 1 torna-se no Deus/Deusa do capítulo 2 assim como o humano original indiferenciado do capítulo 1 macho e fêmea em si torna-se no Homem/Mulher do capítulo 2.

As camadas do mito portanto se abrem e passamos a perceber na energia divina que se diferencia em duas o próprio mistério daquilo que se dá no contexto humano.

YAHEVEH ELOHIM O SENHOR E A SENHORA DE TODA A VIDA!!!

OM SHANTI SHANTI SHANTI 

Valter Taliesin


Vídeos sagrados

Nona sinfonia de Beethoven
Adagio de Bach

Tristão e Isolda prelúdio de Wagner

Réquiem de Mozart

Sarabande de Haendel


A força do destino, abertura de Verdi

FONTE YOUTUBE




FONTE DE IMAGENS GOOGLE

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