Sobre a areia escaldante do deserto ele caminha...
Devagar...seu imenso corpo desproporcional à maioria do seu povo... tez pálida, nada amorenada... cintura fina com ancas largas...coxas grossas com pernas finas... total ausência de pelos... cabeça saliente como um vaso... o que identifica para seu povo ascendência dos deuses.
Mas seu rosto traz uma beleza majestosa.
Ele chega a um promontório em pleno deserto... olha acima e lá está, bem no topo o templo dos milhões de anos... a única casa em todo Egito que lembra de facto a unidade de Deus, do Pai/Mãe da Vida... Aton...
Aton o poderoso átomo de luz original de onde proveio toda vida universal...
Aton a pequena bola de luz condensada tendo em si mesma a capacidade de gerar vida... de criar mundos, de fazer aparecer seres cientes de todas as ordens.
O príncipe fecha os olhos... evoca dentro de si, como aprendeu com o Alto Sacerdote a energia Ptah(Vril) e pouco a pouco eleva-se nos ares...em torno de si ele percebe pequenas bolhas de energia multicores formando como que um tubo de luz... e logo chega ao templo.
O templo era per si algo à parte... destaca-se no horizonte à distâncias sobre o promontório... seu mármore branco, sua cúpula dourada, a entrada com diversas colunas, cada uma de uma matriz de cores, frente à combinação das 7 originais... um belo jardim duramente plantado orna-lhe o front, em volta um grande pomar com árvores frutíferas e não frutíferas... entre as mesmas a casa do Sacerdote Mor, os alojamentos dos sacerdotes, guarda e serviçais...
Pessoas observam a chegada majestosa do príncipe Amenófis ... ele plana sobre o jardim e desce suavemente... à porta do grande templo aparece o Sacerdote mor... largo sorriso no rosto, convidando o príncipe a adentrar o prédio...
Atrás forma-se grande comitiva... dentro, as maravilhas das colunas representam o uno em diversas facetas... não há miríades de deuses e deusas como nos demais mas infinidade de símbolos...
Amenófis não é um tolo, ele sabe que mesmo os demais templos com as divindades o que querem dizer... facetas da unidade... mas ele crê já ter chegado a era da maturidade do povo... ele precisa acordar do sono infantil da fé para a realidade madura da mesma... Amenófis não sabe ao certo como irá fazer. Ele sente um chamado estranho desde pequeno... seu pai um dia lhe confidenciara que ele não era um humano comum, que a dinastia a qual eles pertenciam não era nada comum... que eram descendentes do Sol Central do Universo ...seres que aqui desceram e se miscigenaram com fêmeas humanas do alto Egito. Nem todos os faraós, nem todas as dinastias, eram descendentes dos deuses... aliás, poucas eram... e os que eram dava para se perceber no físico, nos olhos... e na conduta...como eles.
O príncipe foi deixado só frente a um altar onde uma pequena chama simbolizava o uno...
Ali o tempo parou ... Amenófis sentiu a mudança das energias... um vasto portal abriu-se ante si e seres imensos adentraram o Sagrado dos sagrados do templo... era a primeira vez que ele os via...
Altos, imensos, muito maiores do que ele, pele prateada.... totalmente calvos, olhos de um azul escuro penetrantes... mãos longas... trajes de um tecido aderente ao corpo... torneando-o completamente. O brilho das vestes era dourado e dos pés ao pescoço formavam uma unidade como vestimenta e calçado.
Eles em número de 12 rodearam o príncipe, agora de olhos abertos, e passaram a lhe contar as coisas que seriam na vida dele, do Egito e do mundo. Nada ocultaram... sua glória, sua futura desdita, mas também da semente que plantada germinaria no tempo certo enchendo todo o planeta... que passaria eras e eras antes da semente vingar... que chegaria um tempo de Juízo sem igual sobre a Terra e depois deste os filhos do Sol finalmente mostrariam suas faces luminosas... que o nome dele seria mudado quando fosse faraó e que este novo nome seria amado e odiado em igual intensidade ao longo das eras. Muitos o teriam por um fanático, mago negro, e escravizador do povo aos seus caprichos mas outros o teriam como símbolo do que há de mais puro na fé humana...sim, pois ele apesar de tudo ainda muito de humano tinha em si.
Revelaram seu novo nome...
Akhenaton(en)
Ou Kunaton...
O filho do Sol...
Mas não este Sol físico de nosso sistema e sim o ente que governa todo o Universo, galáxias, constelações e sistemas... que lhe chamaria ATON, a primeira energia criativa, a primeira Luz... mas que outros nomes teria em diversas tradições...
E o mais Augusto deles...
MICAEL ... como é conhecido no centro do universo pelas potestades governantes...
Mas ali no Egito ele evocaria o próprio átomo criativo origem de todas as coisas...
ATON... um nome outrora revelado aos egípcios mas muito pouco compreendido.
Depois destas revelações sentaram-se em torno dele e ficaram um bom tempo conversando coisas mais amenas e então os seres se despediram, entraram no portal e foram-se...
Um cheiro de almíscar encheu o lugar e a imagem de um Grande Cervo formou-se no entorno do príncipe, simbolizando o enorme sacrifício que tudo aquilo seria para ele...
Ele saiu calado... o Sacerdote mor e os demais perceberam que algo muito além do usual acontecerá com ele... despediram-se, o príncipe mentalizou e alçou-se aos céus... logo chegou até sua comitiva no deserto... agora fazia-se noite e um frio de puro enregelamento todos dominava... armaram acampamento ao sopé do promontório... acenderam fogo com madeira que previdentemente trouxeram ... comeram, beberam e recolheram-se ... na cabana central Amenófis meditava em seu leito e pronunciava como cantilena seu novo nome...
AKHENATON!!!
E o Grande Cervo se formou novamente em torno dele enquanto o sono finalmente lhe arrebatou...
e nele sonhou com uma bela princesa chamada...
NEFERTITI!!!
Valter Luis
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