A grama é macia sob os meus pés...
Caminho sobre a relva molhada com a alma
estilhaçada pelos nefastos dias.
Conto as desditas a cada passo...
Sinto o cheiro do orvalho nas rosas...
Afasta da mente pensamentos rubros...
Do coração tira o aperto contrito...
Os pés ainda fraquejam, o corpo parece
retalhado em dores...
Olho acima o céu azul...
Um bem-te-vi passeia na cumeeira da
Casa...o farfalhar de suas asas tem uma
velocidade impressionante...
Procuro mais acima, um ÓVNI, um UFO,
só encontro o som desagradável e esganiçado
da voz de um destes moleques soltadores
de pipa que adoram se ouvir chingando
palavrões aos quatro cantos...
Meu estômago revira...
O clima etéreo parece vibrar sentindo a
desarmonia...
Intimamente peço que a criatura não
me quebre o parco encanto do visto
e sentido até aqui...
É como um arrastão de lama em meio
a um jardim...
Ele grita e esbraveja aos 4 ventos...
parece irado com o mundo...
uma ira nascida do berço do desencanto...
Então um motoqueiro passa, carburador
estralando como se quisesse acordar
A Serpente de Midgard para o Ragnarok...
Eu como Thor enceno mentalmente
atirar-lhe no “possante” meu Mjolnir...
Atrás vem à praga que suplanta os
gafanhotos, as vespas assassinas e cobre
de vergonha até o Corona Vírus...
Um “mano” com sua radiola do carro
tocando à disparada o último funk
"podreira" da periferia...palavrório que
enrubesceria até o famoso Bocage,
o príncipe da pornografia...
E não é um é um desfile...
Parece que combinam...vem um atrás
do outro... a carreata tétrica de uma geração
perdida, os arautos dos 4 Cavaleiros
do Apocalipse... os devotos da Grande
Prostituta vestida com o sangue dos fiéis
de todas as religiões realmente benéficas
da Terra... um arroto de ódio ao amor e
prazer genuínos que o sexo da para uma abertura
de licenciosidade nas letras que beira o
estupro de toda esta geração.
Quando enfim há um hiato no inferno...
Um silêncio...
Me recomponho aos poucos...
Corpo e Alma reféns do meio que não posso
mudar...mas pelo menos estou em pé, caminhando...
É... então abro os olhos devagar...
É alta madrugada... o pé direito lateja de dor excruciante...
pesa como se estivesse com uma bota... em chamas!!!
Não há jardim... não há relva ou grama... nem flores, nem orvalho...
recordo-me que a seis meses minha mãe mandou destruir o jardim da casa...
medo de ratos, baratas e afins... um jardim que tínhamos a tantos anos mas...
quem cuidava dele era meu pai... que agora, nem dele cuida...
eu poderia ter me oferecido para cuidar, mas então, egoísta que só
fiquei quieto e deixei para lá... afinal era só um jardim não é mesmo? Pois é...
eu poderia ter me oferecido para cuidar, mas então, egoísta que só
fiquei quieto e deixei para lá... afinal era só um jardim não é mesmo? Pois é...
Mas hoje não tem mais bem-te-vi nem beija flor... as abelhinhas sumiram..
.a fragrância de rosas não entra mais pelas janelas... e os ratos e as baratas
continuam a passear no que resta de quintal...
Era tudo um sonho...
Acordei foi com o barulho da carreata maldita
em plena madrugada seguindo Cérbero o Cão
do Inferno rumo à perdição... e o pirralho
bocudo? Foi um reflexo do dia anterior...
Na cama só há saudade de um lugar de paz
imemorial... Ao longe em algum lugar a maldita carreata
deve ter parado, em alguma praça,
deve ter parado, em alguma praça,
de algum desafortunado lugar e os “manos”
juntos estão a louvar Belzebu, o senhor das
moscas...o som chega propagando-se as 6:00
horas da manhã no já combalido véu atmosférico
desta insana metrópole.
Medo do Corona Vírus?
Nem pensar!
Eles são imunes!
A couraça da orgia lhes faz bom uso!
Admira mais e mais serem seduzidos
por esta “música”?
Bem, vou tentar juntar os cacos e dormir
alguma coisa mais... ou então...
Ler à Torah quem sabe... e sonhar com um
punho rígido de juízo sobre tudo e todos
que devastam a Terra e suas criaturas...
Mas e o Corona Vírus vocês me perguntam?
Não sei, perguntem a ele porque tantos
incorrigíveis estão a mangar da letalidade
dele!
Eu?
Cansei!
Bye!
Vídeo
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