domingo, 15 de novembro de 2020

- JASÃO E OS ARGONAUTAS - FILME CLÁSSICO QUE ENFOCA A EMBLEMÁTICA JORNADA DO HERÓI -

 Sessão...nunca deixe de ver um clássico...filmes essenciais...

JASON AND THE ARGONAUTS/JASÃO E OS ARGONAUTAS - GRÃ-BRETANHA/EUA - 1963 - Grande clássico - nota 9.5 - **** -
A mitologia grega é um veio riquíssimo de histórias, de legendas e de mitos poderosos que forjaram nossa civilização. Nossa civilização ocidental tem 4 mães sagradas de cujo veio bebemos mais diretamente o néctar civilizatório: a judaica, a grega, a romana e a celta...4 avós tão iluminadas quanto: a sumérica, a egípcia, a cananita e a cretense...2 bisavós com ventre enorme cheio de tradições: a anatólica e a do pote entalhado e 3 tias pressurosas: a iraniana, a indiana e a nórdica.
Isto para falarmos evidente das que podem ser identificadas historicamente em meio as lendas de remoto passado.
Jasão e os argonautas faz parte deste veio precioso que nos torna o que somos. Para bem e mal.
No mito e no filme o rei de Tessália Esão é destronado e morto por um rival e seu filho se torna o vingador do pai. Uma profecia dirigida ao usurpador diz que ele será morto por um homem calçado com uma sandália só. O rei sai em caça de tal homem. Um dia encontra um pescador perto de um rio e ao olhar em seus pés percebe que este perdeu uma das sandálias. O rei matuta o que fazer. E resolve enviar o homem em busca do velocino de ouro... um objeto mágico que além dos milagres que faz, ratifica o trono de quem o detém. Este homem obviamente é Jasão.
Jasão monta uma equipe de notáveis da Grécia para ir em busca do velocino. Heróis famosos pela força, pela perícia nas artes marciais, na inteligência e cultura cujos dois maiores luminares são Héracles(Hércules) e Orfeu. Uma falha desta clássica versão é não citar Orfeu além de manter Hércules muito pouco tempo em cena. Além de Jasão, os personagens de maior destaque são; Argos, o dono da nau em que embarcam e o vilão Acasto, filho do rei usurpador Pelias, que entra secretamente na missão para vigiar Jasão, e no momento oportuno se apossar do velocino. Todos embarcam e começa a aventura.
Por trás de todos estes movimentos humanos contudo estão os deuses. Jasão por outro lado é um cético de carteirinha. Não crê nos deuses e mesmo ajudado por Hermes e depois por Hera mantém seu coração rebelde intacto e nos momentos mais inoportunos esta descrença se manifesta, como nas cenas do estreito que eles tem de passar para chegar até o mítico pais da Cólquida , ao sul do Cáucaso no Mar Negro, terra onde esta o velocino. Ali no estreito Jasão tem mais uma crise de ateísmo mas ao lançar uma pequena estátua no mar ele acaba sendo ajudado por Poseidon. Se Jasão é cético enquanto aos deuses estes parecem crer e muito nele... quer dizer, Zeus em sua eterna querela com Hera, parece ser tão cético em relação a ele quanto ele é com os deuses. Hera é quem o defende todo tempo o que não deixa de ser estranho já que Hércules, seu grande desafeto faz parte da missão.
Esta questão entre deuses e humanos é de fato o cerne de todo o mito e do filme. Jasão se encontra no estreito com Medéia; no mito princesa/bruxa, no filme sacerdotisa de Hécate a deusa das trevas. Estranho a fala desta no filme à Jasão, que os deuses gregos eram mais poderosos que os dela. Afinal Hécate é também uma grande deusa grega e se era a principal deidade de Cólquida percebo mais um erro chatinho no roteiro.
Enfim, o filme vai até onde Jasão encontra o velocino de ouro, vence o rei de Cólquida e a guardiã do velocino, conquista Medéia e parte com esta rumo à conquista de Tessália. O fim do filme mostra mais uma vez o humor sardônico dos deuses, no caso Zeus, ao observar as escolhas e condutas humanas. Enquanto Hera da tudo por encerrado e elege seu campeão vitorioso Zeus afasta as brumas dimensionais e mostra a ela que não é bem assim e da a entender o enrosco que será para este ter Medéia na sua vida. O filme termina ali.. um aparente final feliz assombrado pela ironia fina e perversa das divindades olímpicas.
É um bom filme... com aquele cheirinho de anos 60, entretanto bem simples... com efeitos especiais revolucionários para a época, mas hoje bem básicos e alguns até toscos. Lembra mais as produções de Cinecittá como o também clássico O Colosso de Rhodes de Sergio Leone que uma hollywoodiana grandiosa e mítica de então como El Cid de Anthony Mann... mas é um bom entretenimento... tem boa direção, tem um clima legal, fez grande sucesso então, se tornou cult e com o tempo um clássico. Apesar de um defeito ou outro que percebi tem muitos fãs até hoje!
Revi hoje e percebi como estes mitos são poderosos para revelar a grande tragédia que é nossa odisseia. Um filme mais longo mostraria todo o drama que realmente esta por trás de uma figura tão disposta a atos extremos de heroísmo mas com pés de barro. Provavelmente como todos nós. Os mitos mostram e desnudam deuses e humanos sem dó e nem piedade. Mostram o calcanhar de Aquiles (aliás, um poderoso mito dentro de outro grande mito que foi a guerra greco/troiana ) de cada um... e nos acena para temperarmos a vida com muita fé mas também não desmerecermos um pouco de senso crítico também. Afinal quando divindades são humanas demais (caracterizadas e entendidas como tal) e humanos tem um que de divino talvez a verdade esteja bem ali no meio termo.
Direção:
Don Chaffey
Criador:
Apolónio de Rhodes
Produtor:
Charles H. Schneer

Música:
Bernard Herrmann
Elenco:
Todd Armstrong como Jasão
Nancy Kovack como Medéia
Niall MacGinnis como Zeus
Honnor Blackman como Hera
Laurence Naismith como Argos
Gary Raymond como Acasto
Nigel Green como Hércules
Douglas Wilmer como Pelias
Michael Gwynn como Hermes
Patrick Troughton como Phineus
Jack Gwillin como Eetes
John Cairney como Hilas

Pax et Lux

Valter Luís Taliesin




Vídeo

Trilha sonora de Jasão e os Argonautas



Nenhum comentário:

Postar um comentário

- O SENHOR DOS ANÉIS: OS ANÉIS DE PODER…A RODA DO TEMPO … CARNIVAL ROW… -

 Assisti semana que passou a primeira temporada de 3 excelentes séries de fantasia na AMAZON PRIME VÍDEO …são elas: 1. O SENHOR DOS ANÉIS: O...