sábado, 20 de fevereiro de 2021

- CIDADE INVISÍVEL - O MUNDO INVISÍVEL E FANTÁSTICO DA MITOLOGIA BRASILEIRA -

CIDADE INVISÍVEL - NETFLIX -

Nota 10 🌟🌟🌟🌟🌟
Carlos Saldanha, o famoso cineasta brasileiro de animes da Disney (A Era do Gelo, Rio etc...) aqui entra de cabeça no folclore brasileiro e na dramaturgia para adultos ao vivo e em cores.
Cuca, o boto, Iara(um pequeno senão a meu ver foi desprezar o mito original indígena por um aderente e diverso afro-brasileiro), Saci, Curupira , Corpo Seco etc... todos estes ingredientes são misturados por Saldanha e equipe com ótima dinâmica entre elenco (afiado), cenário (uma mata atlântica ainda que devastada extremamente luxuriante e deslumbrante), bons efeitos especiais e condução.
Não gosto muito desta tecla batida de favela carioca ( algo interessante... apesar de se passar no Rio de Janeiro o elenco é basicamente do sul e nordeste do Brasil) tão recorrente na maioria dos seriados e filmes mais recentes (desde Cidade de Deus pelo menos) dos filmes brasileiros, como se não houvesse dramas à monta no Brasil para mostrar... mas aqui caiu como uma luva; na visão dos personagens fantásticos inseridos no contexto moderno das cidades... onde X ou Y se encaixa e se camufla melhor!
O título é bom mas talvez fosse melhor se fosse Mundo Invisível já que a vila de pescadores inserida na mata atlântica é igual ou até mais importante para a trama do que a cidade do Rio propriamente dita e que só aparece em algumas cenas de praia e do famoso e boémio bairro da Lapa, no bar/boate de Inês e na favela ali logo ao lado. Não há Copacabana, Ipanema, Leblon, Tijuca... nada que justificasse tanto assim este título em detrimento de outro(o que eu dei foi só um exemplo) mais inclusivo e expansivo. Mas independente disto da gosto ver a mitologia nacional ser tão bem empregada e enfocada assim em uma série ou filme.
Outra coisa que se destaca é um enfoque na religião sincretista da Umbanda (cristianismo, indigenismo, africanismo) um crença até onde eu sei eminentemente nacional, surgida em 1908, considerada monoteísta, pois tem por base um Deus único, sem contudo desmerecer entidades intermediárias de diferentes envergaduras e etnias; muitas inclusive, como disse, mescladas ou com elementos sincréticos. O personagem de José Dumont encarna a figura do caboclo mestiço de branco/indígena e Ivan de Almeida o mulato mestiço de branco/negro; o primeiro se assemelha a um shaman e o segundo à figura popular do benzedor ... o primeiro mais ligado portanto à vertente branco/indígena do espectro religioso umbandista e o segundo ao branco/negro.
A série apesar de mostrar o contexto da favela, contudo em se tratando de contexto social é mais contundente na questão social relativa à questão ambiental ou seja; a vila de pescadores e as questões pertinentes aos moradores dali frente ao suposto dono das terras que quer desaloja-los para, com certeza, degradar ainda mais a floresta ao redor.
Os personagens fantásticos surgem aqui como os guardiões destas regiões de mata que a medida que o “progresso” avança vão pouco a pouco tendo que, para sobreviver, se inserir no contexto social humano, e pior, da cidade grande, perdendo aos poucos suas próprias características. Entretanto o extermínio completo destas entidades é o objetivo de uma outra entidade, que vamos descobrir embutido na trama.
O personagem central Eric, vivido muito bem por Marco Pigossi, é um policial que, perdendo a mulher em um grave incêndio ocorrido na mata tem que lidar com sua dor, com a criação da filha ainda criança e as dificuldades da profissão, policial ambiental, quando então se depara na praia com o cadáver de um boto cor-de-rosa em pleno Rio de Janeiro e com uma mulher misteriosa que vai lhe levar para dentro de uma trama que envolve não só a pequena vila de pescadores e um grande empresário mas à seres e fatos fantásticos e por fim, à verdade sobre si mesmo.
Entre tantos personagens legais e bem interpretados os grandes destaques a meu ver são a Inês/Cuca de Alessandra Negrini e o Curupira de Fabio Lago. O elenco juntando dois nomes estelares(Marco e Alessandra)...três de experientes e destacados atores conhecidos (José Dumont, Fabio Lago e Ivan Almeida) é contudo basicamente formado por nomes e rostos completamente desconhecidos do grande público, inclusive brasileiro, e alguns que tu vê que são provavelmente amadores, formados dentre o povo comum, fora do circuito artístico propriamente dito, principalmente na favela e na vila, mas todos desempenham muito bem a nobre arte de interpretar.
Comecei a assistir e quase que vi de uma tacada só os 7 episódios (40 minutos de duração de média cada) ... é fluente, envolvente, gostoso e ainda que nos leve a refletir sobre as questões que levanta nem se sente o passar das horas. Só não dei 10 + por causa de pequenas arestas como no lance da Iara ou da pouca utilização de MAIS da cidade do Rio em si para justificar plenamente o título mas no mais é excelente ...a série, hoje , no momento em que escrevo, esta no top 10 de mais de 50 países(estreou dia 05 de Fevereiro ) e tem recebido excelentes críticas nos sites especializados! Uma segunda temporada parece absolutamente certa diante de tanto sucesso!
Recomendo...❤️💜💚💙🤎🧡🤍🖤💛

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