- A CAMINHO DA FÉ - EUA - 2018 - NETFLIX -
Nota 9
O meio religioso não é fácil, o meio religioso cristão muito menos, o meio religioso cristão-evangélico menos ainda e o meio cristão-evangélico-pentecostal é ainda mais espinhoso.
A ideia era que em Cristo houvesse liberdade mas... quando dogmas, doutrinas e afins engessam esta “visão liberta” e você percebe isto o que acontece?!
Baseado em fatos reais, A Caminho da Fé, é a história de Carlton Pearson, um renomado líder espiritual cristão/evangélico/pentecostal norte-americano da mais fina cepa da Rua Azuza - referência pentecostal não só americana mas universal, o endereço da Igreja onde na virada do século 19 para o 20 teria ocorrido o mais notório derramamento do Espírito Santo através do sinal das “línguas estranhas” e que marcou o início do movimento pentecostal global moderno no seio do cristianismo - conservador, avivalista, Carlton não perde uma oportunidade de falar da salvação em Jesus... até que dois fatos culminantes em sua vida o levam à maior crise existencial e espiritual de sua vida a qual o leva a colocar em xeque conceitos como; inferno eterno, o que de fato é pecado, como entender o Amor de Deus, o sacrifício de Jesus etc...e não... Carlton não deixa de crer em Deus, nem de que Jesus seja o Salvador do Mundo, nem que o céu exista e haja vida após a morte. O problema para ele agora é: O sacrifício de Jesus é universal ou condicionado à escolha humana? Toda escolha humana que a tradição cristã entende pecaminosa o é de fato e não só afasta a pessoa de Deus mas quando esta morre a condena eternamente à esta separação? Carlton negro, lidera uma Igreja grande, mista( nos EUA ainda hoje igrejas mistas ou inter-raciais são tidas como... revolucionárias... a praxe é “cada macaco no seu galho”... uma realidade completamente diversa do restante do mundo cristão global; seja este católico, evangélico ou espírita) rica, influente... é reconhecido em todo o meio evangélico americano e mais, é apadrinhado e considerado como filho por uma verdadeira lenda viva(em 1998, agora falecido) do meio evangélico pentecostal e célebre em toda nação, um homem da envergadura de um Billy Graham, Oral Roberts! E então... depois de uma pregação tida como desastrosa - depois de, impactado pela morte de milhares na África - Carlton contesta a condenação eterna e a salvação meramente por escolha; para ele é inaceitável que pessoas que nunca ouviram falar de Jesus e que sofram tão atrozmente até à morte tenham que, só porque não aceitaram(fizeram uma escolha) um Jesus que nunca ouviram falar... de ir para um inferno eterno! É uma catástrofe! Seus auxiliares imediatos entram em polvorosa... o meio evangélico americano e até fora dele se alarmam, o padrinho corre em “socorro” do apadrinhado e na medida em que o tempo passa e as novas pregações baseadas nesta nova compreensão persistem Carlton se vê abandonado pelos auxiliares, metade da congregação também o abandona, vem as dívidas e afins mas... mistério... a mulher que até então era “sem sal e sem açúcar” se torna uma companhia e companheira soberba!
Com o desenrolar da trama diversas questões sobre diversidade, comportamento etc... são levantadas... e entendidas sob esta nova visão enquanto vemos Carlton descer literalmente ao fundo do poço. Mas, pouco a pouco ele percebe dentro de si que não há mais volta! Sua compreensão e percepção, para bem ou mau sobre aquelas questões o mudaram para sempre...
O que fazer?
Pouco a pouco Carlton vai descobrindo...
É um filme extremamente desafiador para quem é aferrado demais nas coisas que ele questiona, poderia sugerir que então tais pessoas o vissem mas conhecendo-as como conheço digo; melhor não ver.
Bem feito, dirigido e interpretado é um filme interessante e bem atual. Mesmo já tendo transcorrido 23 anos da data dos acontecimentos... dirigido por Joshua Marston o filme trás um elenco estelar onde temos; Chiwetel Ejiofor como Carlton Pearson, Martin Sheen como Oral Roberts e ainda Danny Glover, Jason Segel e Vondis Curtis-Hall como personagens de destaque. Vale uma conferida mas... se isto não te for tão intragável assim.
Pax et Lux
Valter Luís (Taliesin)
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