“A vida e a experiência podem conferir a determinados vocábulos um acento completamente estranho a seu sentido comum, e que lhes confere um nimbo de pavor incompreensível para todos os que não os tenham conhecido no seu significado mais horroroso.”
Thomas Mann através do personagem Serenus Zeitblom na obra prima da literatura...
Doutor Fausto.
Nestes tempos terríveis e estranhos alguns destes vocábulos que tomam um acento estranho a seu sentido comum e que lhes confere um nimbo de pavor incompreensível para todos os que não os tenham conhecido no seu significado mais horroroso são... vírus... global...imunidade...rebanho...vacina...
diversidade...economia...ideologia... política...governo...fome...desemprego...
aglomeração...sequela...morte...elite...Deus...
espiritualidade...etc...
Cada um destes termos fugiu ao seu sentido comum e adquiriu algo, alguma coisa, que criou uma aura de pavor absolutamente incompreensível em todos os povos da Terra. E estamos a falar daqueles que nem o chegaram a conhecer no seu significado mais horroroso(pessoas como eu por exemplo... que vivas estão por verdadeiro milagre). Ou seja, é estranho mas quem conheceu as profundezas abissais deste mal tem mais autocontrole frente a tudo o que esta a acontecer do que quem o vivência AINDA na periferia, quer negando-o quer com pavor de vivencia-lo.
Percebemos que as pessoas que mais tem “o que dizer” sobre o vírus e sua ação e consequências são EXATAMENTE as que ainda não o sentiram na pele. Pelo menos não no mal sentido do termo. Quer para negá-lo ou afirma-lo e sempre no embalo, “cheios de razão e soluções”...e o mesmo podemos dizer do desemprego, da fome etc... os que mais estão a falar são os que ainda não estão nesta situação. Em suma... como diz Mann na boca de seu personagem, tais vocábulos parecem trazer pavor extremo a quem antevê o mal diante de si mais do que quem propriamente o esta a experimentar ao vivo e a cores. Não obviamente que estes sintam menos... mas, na esfera da experiência humana com as palavras e os seus significados e com os significados que as catástrofes dão as mesmas (algumas muitas vezes em si, nada a ver com o mal ) o que percebemos é que a expectativa do mal é tão ou até mais desoladora que este propriamente!
Estranho não?
Mas pode ser exatamente isto o que de fato cria e expande a experiência do mal. Ele parece se alimentar desta expectação pelo que há de vir, este fixar-se no temor extremo! E tanto um quanto outro lado desta ode tétrica pode estar a ter o mesmo tipo de pavor! Quem nega sofre do MESMO temor de quem teme ao extremo pois no fundo esta a temer o que entende, será as consequências do que supõe ser uma atitude irracional do outro... para todos.
Nunca sofremos tanto com vocábulos e nem todos definidores do mal em si quanto nestes dias! O mal se alimenta de duas coisas para manter sua ilusão no mundo; das ações ruins, egoístas das pessoas e das expectativas temerosas que temos diante das consequências destas ações (tanto mentais quanto literais). Sem isto o mal deixaria de existir. Por estas duas coisas estamos a encarar este vírus e suas consequências que nos assombram no mundo, neste quilate que estamos. Porque tratamos o meio ambiente com indiscriminada loucura; porque mantemos hábitos de higiene e alimentar nocivos; porque implementamos uma globalização sem nenhum critério e cuidado; porque não respeitamos a diversidade neste processo; porque não nos preparamos para este tipo de surpresa; porque ainda vivemos como rebanho e não como grupo e ainda sofremos os ataques de “lobos solitários e predadores” aliás, como grupo deveríamos ser matilha não rebanho mais, nem todo conceito de lobo é ruim... muito pelo contrário... observe e estude como uma matilha vive, age e se comporta e vai ver que tenho razão... este é mais um vocábulo distorcido ao extremo para criar terrorismo nos humanos... se Jesus soubesse
( naquele ponto estava encarnado como humano e dizia nem saber a data de seu retorno portanto...)o que iriam fazer com suas palavras talvez não teria comparado seus seguidores com rebanho; porque nossa economia é predatória, injusta e consumista ao extremo; porque nossos sistemas políticos, ideologias e governos são alicerçados em engodos, mentiras e radicalismos extremos; porque até no processo de vacinação estamos a agir e atuar com um egoísmo que não tem fim e por fim... nossa visão de Deus, da espiritualidade e vida em geral é completamente equivocada e primitiva. Uma visão que prima pela soberba do exclusivismo e violência doutrinária.
Soluções?
Talvez não exista nenhuma a não ser... passarmos por este “bico de funil” terrível e então, quem sabe, uma “massa crítica” acorde desta ilusão sombria para sua unidade como humanidade e filiação divina e... recrie mundo (sistema) nesta compreensão sagrada no Mundo (ecossistema) uma compreensão da verdadeira Realidade (MUNDO). Mas... sempre sobra a esperança do milagre não?!
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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