Cernunnos...
Rei da floresta...
Senhor da colheita...
Coroado de galhos como um gamo rei...
Tez verde como a mais profunda das matas...
Caminha altivo entre fadas, elfos, duendes, ninfas e salamandras...
Saúda festivo sua consorte... esposa e mãe...
A Deusa que festeja com ele a vida que vem e que vai...
Nos festivais homens sagrados se revestiam desta
grande majestade e com sacerdotisas paramentadas como A Senhora cultuavam o mais íntimo dos cultos que dois seres podem cultuar em homenagem aos doadores da vida...
Sexo é vida nestas tradições...
Sexo é o rio que corre e traz ao mundo os seres dos mundos superiores para experiências carnais...
Mas sobretudo sexo é pura conexão...puro orgasmo... puro êxtase...pura comunhão entre dois seres que se afinam…sintonizam...e o mais interessante da festa era que esta sintonia
era automática entre os dois cultuadores...
Não era algo arbitrário mas simplesmente a Deusa e o Deus escolhiam seus canais pela sintonia entre os ofertantes e o ritual sagrado só teria validade se assim fosse feito...
Além da entrega plena e completa dos ofertantes havia a misteriosa e mágica escolha por afinidades entre os tais então mascarados como gamo rei e senhora da vida...
Difícil falar de um sem falar de outro...
Estou mais habituado falar da Mãe mas hoje Cernunnos baixou forte...
Esta energia pura, terrestre, fértil, poderosa, envolvente, conhecida em praticamente todas as tradições por diferentes nomes...Pan e Dioniso por exemplo na Grécia, Baal em Fenícia e Canaã,
e por incrível que pareça tendo repercussões na monoteísta Israel quando pensamos na festa das colheitas onde YHVH era cultuado com danças, louvores e ofertas da terra.
Somente o sexo era oficialmente banido(mas houve época de forte sincretismo com os culto cananitas onde a Shekinah era identificada com Asherah a esposa de YHVH e então neste período houve o sexo cultual, mas execrado oficialmente pela corrente doutrinária posterior dominante como anormal e não como o normal do culto) mas quando do casamento entre danças e alegria via-se sempre a presença dos frutos da terra como um eco distante da figura do grande galhudo.
Hoje podemos ver de forma mais conceitualizada e filosófica estas figuras nos nomes sagrados ADONAI O Senhor e MALKUTH(Shekináh) A Senhora…O Reino...noivo e noiva sagrados...
Cristianizados posteriormente como Cristo e a sua Noiva que os fundamentalistas identificam como a Igreja e os 'hereges' com a figura real de Maria Madalena que assim como o Mestre teria encarnado a figura de Adonai ela o teria de Shekináh, o noivo e a noiva
sagrados.
Desta forma mesmo velado, mesmo escondido sob mil artifícios da teologia a imagem do Deus antigo da natureza e colheita que morre e ressuscita para que a terra tenha vida e abundância perdurou na nossa imagem mítica agora com nova roupagem e novas cores.
De uma forma ou de outra...
CERNUNNOS VIVE!
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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