A viagem começa quando dentro da alma esta desperta para a mística que tem o caminho.
Ela percebe que peregrina é e não faz parte de nenhum contexto passageiro, de nenhum lugar específico, de nenhum grupo, de nenhuma religião, de nenhuma forma de exprimir o sagrado.
Ela se percebe ao mesmo tempo una com todos e individual...percebe uma liberdade que a faz ser tudo com todos e no entanto ter dentro de si seus mistérios, suas particularidades, suas peculiaridades.
Viajar para ela é um estado de espírito não uma carteira de passaporte.
Viajar para ela é penetrar o mundo, os lugares em que esteja e sorver dali a energia viva, divina, interagir com tudo e todos, não meramente entrar em um automóvel, ônibus, navio, avião e ir...simplesmente por ir...
Quando falamos do contexto SEM DESTINO de certos viajantes estamos meramente julgando a ida para lugares sem programação, sem esquematização, MAS dentro daquela alma tem todos os sentidos, e todos os destinos possíveis pois o que ela busca não esta em nenhum lugar mas existe portais para serem acessados em todos os lugares do mundo...
O que aquela alma esta buscando é a EXPERIÊNCIA diante de um portal específico, de ver aquilo que almeja no profundo de seu ser manifestando-se...assim o “sem destino” é meramente um fator geográfico não sensorial...sensorialmente há uma busca, ainda que inexplicada por algo que lhe faça transcender o comum dos dias, ou melhor; faça neste comum o incomum do encontro sagrado.
E é este encontro sagrado que é o destino, é este encontro sagrado que é o sentido da viagem, é este encontro sagrado que faz valer a pena anos e anos de estrada.
Ainda que pouco se saia do lugar em que se vive contudo há mais almas que viajam de verdade que os turistas deste mundo.
VIAJAR É UMA COISA, FAZER TURISMO É OUTRA...
O Viajante vivencia os lugares em que passa, as pessoas que lhe tocam a alma, os encontros que se processam, o turista simplesmente vivencia a sensação de ser turista, de ser folia, de ser um passante. Nada há de errado nisto, mas pouco há de vantagem para a alma enquanto desbravadora do mundo e de novas entidades vivas e principalmente de encontros sagrados e transformadores!
Assim, no contexto iniciático, mais vale uma pessoa que viaje pouco mas aproveita cada uma destas viagens para acessar os portais em si de luz que tais lugares e pessoas destes permitem, do que a que muito viaja mas sua consciência continua rasa e atribulada; chegando no outro dia e já esta programando a próxima viagem sem sentir absolutamente dentro de si nenhum sentimento de plenitude, de satisfação pelo que viajou.
Por último e mais importante, o verdadeiro viajante viaja dentro de si, descobre os mistérios de seu ser e a partir dai ele sente dentro de si a direção para ir em busca daquilo que quem esta fora pensar ser...sem destino. Somente o verdadeiro viajante vê o que há para além do olho comum, somente o verdadeiro viajante conhece o processo de retorno ao lar onde tudo é uma constante e eterna plenitude do senso do viajar e do conhecer...
Em amor e luz
Valter Luis (Taliesin)
Nenhum comentário:
Postar um comentário