- MR. HOLMES - GRÃ-BRETANHA/EUA - 2015 - NETFLIX - Nota 10+ - 🌟🌟🌟🌟🌟 -
Existem filmes absolutamente perfeitos em sua criação, intenções e simplicidade que cativa, envolve e prende o espectador em uma trama que, sem ser muito rocambolesca, contudo é intrigante o suficiente para nos trazer à atenção da trama, da vida e porque não? De nós mesmos!
É o caso deste MR. HOLMES!
Não é só mais um filme sobre ou de Sherlock Holmes, entre as centenas que há, já que é um dos personagens literários mais adaptados da História pelo cinema e também TV, além de outras adaptações literárias e mídias, mas até aqui o mais humano de todos!
Baseado na obra do americano Mitch Cullin(em cima do memorável, icônico e lendário personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle)…A Sligh Trick of the Mind nos mostra um Sherlock com mais de 95 anos, em 1947, lidando com a senilidade crescente que o faz esquecer um caso de anos atrás, o que lhe tira o sossego e o sono. Holmes agora mora em uma casa de campo, no interior da Inglaterra, junto com sua governanta e um filho pré adolescente.
Esta aqui a chave da trama para, penetrando nas camadas do mito criado deste Doyle, penetrar no âmago do personagem e trazer à tona a humanidade de Holmes, tão encapada pela genialidade e pelo “elementarismo” de suas famosas investigações.
Esta criança e sua mãe é o desafio perfeito, não só para a memória de Holmes, como um resgate do mais profundo de humano e espiritual que há em si mesmo. E então vemos Holmes mergulhando em dois momentos distintos das lembranças de seu passado; um recente, envolvendo uma família japonesa pós segunda guerra que trará à tona mais nuances deste Holmes oculto e do tal caso que ele não se lembra, este mais antigo, posterior à outra grande guerra… a primeira de seu nome.
É interessante que, este resgate deste Holmes oculto e de certa forma o verdadeiro Holmes, além do personagem literário ( o filme brinca com a hipótese de que John Watson e não Doyle, ou quem sabe este oculto no personagem Watson, criou em cima do Holmes real o Holmes da ficção), aconteça com lembranças de Holmes posteriores aos dois grandes conflitos que marcaram definitivamente o século 20 e toda humanidade posterior. Como se as duas grandes guerras fossem uma metáfora para a perca e a busca da humanidade perdida, não só dele, mas do gênero humano como um todo. Ao relacionar-se então em sua casa de campo, com o menino e sua mãe e com uma estranha fixação por criação de abelhas e de uma planta chamada pimenta japonesa ( belíssima metáfora… para quem conhece o significado oculto de abelha concernente à vida e a alma e a forma como em certo ponto a pimenta japonesa aparece no filme, colhida milagrosamente após nascer do e no terreno calcinado de uma das duas cidades atomizadas pelos EUA no Japão para, segundo nos foi dito, “encerrar” a grande guerra… não esqueça também a importante diferença entre abelhas e vespas… que também contém uma metáfora sobre vida e morte…e que aparece nas imagens iniciais do filme em um trem e depois o significado disto no fim… em uma das cenas mais dramáticas do filme), Holmes vai pouco a pouco descobrindo o que ), Holmes vai pouco a pouco descobrindo o que, Holmes vai pouco a pouco descobrindo o que estas duas coisas tem a ver com suas duas lembranças e mais… o que elas trazem de si mesmo… para aquele presente, naquele lugar, com aquelas duas pessoas. Holmes é brilhantemente interpretado por Sir Ian McKellen… um dos maiores atores vivos ( e também grande astro com suas encarnações extremamente populares de Magneto nos filmes dos X Men e Gandalf nas trilogias Senhor dos Anéis e O Hobbit) … e é não menos brilhantemente assessorado por Laura Linney e Milo Parker como mãe e filho, que juntos moram com ele. A direção excelente é de Bill Condon com uma deliciosa música de Carter Burwell embalando cada cena. Um delicioso e precioso filme que merece muito ser visto e apreciado. Tanto filme quanto diretor , McKellen, Linney e Parker foram indicados para diversos prêmios…ainda que não os mais famosos…oscar e globo de ouro por exemplo mas …sinceramente? Quem perdeu foram estes tais prêmios mais famosos de não os ter indicado. A meu ver pode ser visto tranquilamente por toda a família que contenha crianças à partir de 10 anos de idade e não ofende em nada menores do que isto, só, penso… a compreensão da trama. É isto! Filme absolutamente perfeito para este momento de nosso país e de nosso mundo… onde a vida e o significado desta e de humanidade, estão a ser tenazmente violadas e o caos, a guerra e a morte intensamente cortejados sem nenhum pudor.
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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