DIONISO…
Dioniso era a princípio um semideus… filho de Zeus com a mortal Sêmele. Existem diversas histórias sobre o deus, mas a que mais me chama a atenção é a que fala que ele se enamorou perdidamente da irmã Coré( mas há uma outra corrente que o mostra como filho desta com Zeus). Os dois deuses tinham tudo a ver… Coré era a deusa primaveril e ele tinha sido transformado de semideus em deus do vinho, da vegetação, das orgias e do teatro. Apesar de ser filho de um caso de Zeus com uma mortal, tinha o apreço de Hera por te-la ajudado em uma querela com seu filho Hefestos. Aliás, segundo um ramo do mito, foi era que o transformou em deus.
A divindade inicial de Dioniso transcorreu assim entre ninfas e sátiros que formavam sua corte como grande deus da vegetação e do vinho. Mas… Coré foi raptada por Hades, e como contei na história de Coré, Dioniso também enfrentou um outro grande processo de transformação. Segundo alguns mitos, ele teria sido morto por gigantes ou algo do gênero e ao ser ressuscitado uma nova transmutação aguardava o deus. Dioniso se tornou no Senhor da Luz! A expressão máxima e espiritual do sol, e no grande senhor das iniciações! Por sua morte e ressurreição, muitos o comparam neste processo com a figura posterior e muito mais famosa de Jesus Cristo! Inclusive, alguns escritores entendem que muito da visão paulina sobre Jesus como O Cristo Cósmico é de fato o que o próprio apóstolo aprendeu dos mistérios dionisíacos. Claro, os tais provavelmente entendem que em algum momento Paulo teria sido um iniciado. Seja como for, o novo encontro de Dioniso com sua antiga amada é num arranjo romântico para lá de imaginoso do mundo antigo. Meio ano ela passaria com o esposo tenebroso, Hades no inferno, como Perséfone, a rainha das trevas e no meio ano seguinte com o outro esposo, Dioniso, agora como Coré. Neste ínterim, ambos assumiam seus antigos mantos das divindades da vegetação. Ele deixava seu manto de Luz e ela o seu de Trevas e ambos viviam como marido e mulher.
Como o deus da vegetação Dioniso era puramente sanguíneo/colérico mas como o Senhor da Luz ele era um grande melancólico/fleumático. Como disse no texto sobre Perséfone/Coré, em cada vida ele manifestava 50% de seu temperamento.
Um arquétipo destes mostra um ser cindido entre dois mundos. De um lado há um extrovertido pleno, quase hedonista e de outro alguém extremamente espiritualizado e interiorizado. Como Dioniso criou, não uma síntese plena como Hermes fez em si, mas algo como uma coexistência pacífica entre seus dois mundos, vivendo-os plenamente… assim penso, deve no mínimo este arquétipo fazer em si. Aceitar ao menos suas duas faces como plenas e importantes. Mas sempre sinalizando para algo mais, quem sabe para a grande síntese que Hermes fez em si. Realmente Dioniso tem muito para nos dizer.
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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