domingo, 16 de novembro de 2014

A QUEDA: Um momento necessário, probatório ou acidental na História humana?


O que é necessário, o que é probatório, o que é acidental?

Como podemos definir tais coisas na História humana?

Geralmente quando pensamos e falamos de, por exemplo, mau necessário, imaginamos uma situação incontornável, dura, dolorosa, mas que teria que necessariamente ocorrer.

Quando pensamos em acidente, geralmente imaginamos algo imprevisto, não esperado, não previsto, MAS não significa que o mesmo não estivesse de alguma forma em nosso caminho, destino ou seja lá o nome que se de.

Portanto acidente necessariamente não significa algo aleatório, pode muito bem ser por nossa perspectiva algo imprevisto mas diversos fatores, passados e presentes podem ter nos levado àquele momento específico onde o suposto acidente ocorreu.

Quando pensamos em provas imaginamos algo necessário, que deve ser aplicado mas cujo fim é indeterminado e depende de nossa atuação, de nossas escolhas diante delas.

Assim quando pensamos na mítica queda do casal original independente ser um acidente de percurso, uma prova ou um mau necessário na caminhada evolutiva nossa, é algo que realmente deveríamos passar, estamos diante de coisas que fatos de nossas vidas nos trouxeram àquele momento ou melhor, fatos da vida do suposto casal original os levaram até ali.

Queda, Cair...

No mito bíblico a primeira entidade que decai, cai, é o querubim ungido, ou o arcanjo rebelde, Lúcifer ou Satan que leva atrás de si a terça parte das estrelas, ou anjos celestes.

Mas para nós nesta História que estamos analisando já há alguns dias a queda que nos interessa é a do gênero humano.

Se foi um mau necessário então a tal queda, que nada mais é que a densificação na matéria foi algo que nos estava destinado, que nos estava escrito, pois a nossa verdadeira evolução dependeria disto.

Assim todo o mito do jardim, do casal, das duas árvores, da serpente, da tentação(ou prova) nada mais são que uma simbologia pura de algo absolutamente necessário na história humana escrito de forma alegórica etc.

Se foi algo acidental, ou seja, aparentemente sem necessidade que ocorresse, alguns fatores devem ter levado tanto Eva, quanto Adão até aquele momento, até aquela situação, para que terminassem como terminaram, diante das escolhas que tiveram que tomar.

Se foi uma prova foi algo necessário, mas havia opção entre obedecer e desobedecer...entre passar no teste ou ser reprovado.

Olhando o mito literalmente, pura e simplesmente o que vemos?

Vemos uma mulher, parecendo uma avoada, rodeando sem nada ter o que fazer a árvore proibida e então tem o fatídico encontro que sela seu destino e depois de seu parceiro.

Parece algo acidental, fortuito, mas lembre-se; por parte da serpente, seja ela quem for, havia todo o interesse de que a mulher estivesse ali, naquela hora, naquele momento, e provavelmente só.

E da parte do senhor do jardim como disse em outro texto, há um silêncio absoluto, se analisarmos que estamos falando do suposto ser onisciente que tudo criou fica mais inexplicável ainda, um silêncio que deixa sua 'avoada' e perdida criação à merce do mais cruel dos inimigos, que não sabemos PORQUE CARGAS D' ÁGUA AFINAL ESTAVA ALI!

Se for algo acidental portanto temos que pensar que havia um interesse tanto do senhor do jardim quanto da serpente em que houvesse o encontro entre a mulher e esta última pois do contrário soa estranho Deus não intervir contra tão 'desilustre' convidado...foi assim um digamos, 'acidente planejado', pois Adão e Eva de alguma forma atraíram para si aquela situação.

No caso de uma prova, as coisas simplesmente se simplificam: Deus quer que o humano seja testado e por isto seu silêncio, e a Serpente é a grande iniciadora dos humanos nesta prova.

Mais que isto, a serpente parece um ser assíduo do jardim e do casal, talvez até íntimo, tão íntimo que Eva esta só diante dela, conversa com ela como com uma comadre, não estranha um animal falar(portanto deduz-se que havia comunicação entre humanos e animais diferente do que temos hoje em dia)Adão sabe-se o bom Deus por onde andava naquele momento. Talvez como muitos maridos de hoje em dia, estava jogando um gamão com algum outro animal falante do jardim, ou  quem sabe, ralando no jardim para deixar tudo nos trinques para a mulherzinha querida...seja como for, Eva se encontra só diante daquilo, ou daquele, que depois é descrito pela tradição como a própria personificação e essência do mal absoluto, nem Adão que ouvira, segundo o capítulo 2 de Gênesis, sozinho a ordem de não comer do fruto e seu parceiro, esta ali, nem muito menos se vê sinal do senhor Deus e sua onipresença ou dos tais querubins que depois do acontecido tão zelosamente vão proteger o caminho para a árvore da vida para que dela os humanos não mais comam.

É a típica providência tomada depois do leite derramado não?


SIM!

Olhando literalmente somente, fazendo a leitura que os fundamentalistas costumam fazer esta é a impressão que temos!

Um Deus onisciente que parece não se importar com o que esta prestes ocorrer!

Um Deus amoroso que deixa seu pior inimigo adentrar o jardim e tudo indica, pela intimidade deste com Eva... não era a primeira vez.

Um Deus onisciente que depois do acontecido aparece do nada para 'passear' pelo jardim como se nada tivesse acontecido e nem sabe onde Adão se encontra, fica feito barata tonta perguntando: ADÃO...AONDE ESTAIS ADÃO? E diante da resposta deste pergunta: COMESTE DO FRUTO QUE PROIBI!? E dai vem com uma carga de maldição que representa tudo o que de ruim hoje temos no mundo.


Portanto uma leitura literal somente deste texto é uma das coisas mais abomináveis em termos espirituais que possamos fazer!

Abominável contra o amor divino, abominável contra o verdadeiro conceito de divino, abominável por todos os aspectos.

Assim nos restam outros tipos de leituras que se mostram muito mais interessantes...


I. METAFÓRICA

Estamos diante de uma metáfora, a queda toda aparece como algo realmente sem sentido lógico, racional, prático se visto literalmente mas se observado nas entre linhas traz significados ocultos sobre o drama humano e o sofrimento no mundo. A metáfora portanto traduz algo que em palavras cruas seriam difíceis ou impossíveis de serem ditas, coisas que substituem a verdade de fato para a compreensão comum, de mais fácil assimilação...Assim a serpente é a metáfora de algo, alguma coisa, algum ser que testa, que prova o gênero humano, o fruto e a árvore representam algo, alguma coisa que tem poder de abrir a mente para um novo mundo até então desconhecido. Deus ausente na tentação e presente no passeio do fim do dia traduz no mínimo a anuência dele com tudo aquilo.


II. FIGURADA

Um estilo literário onde imagens, e coisas são usadas para dar cor, brilho, realçar um relato. Assim árvores, serpente, casal original, Deus ausente e depois 'turistando' no jardim são imagens para realçar o grande drama, o terrível acontecimento, que é a situação que hoje nos encontramos, tentando explicar tudo isto pela imagem, pelas figuras ali presentes com este tipo de recurso de linguagem.


III. ALEGÓRICA

Novamente usam-se de imagens que traduzem algo, alguma verdade, sentido que precisamos dar para algo.

Assim toda a cena do jardim pode ser uma alegoria, uma lenda, que tenta explicar o porque do estado humano atual, o porque do mal no mundo e o porque Deus onisciente, onipotente e onipresente esta com este câncer dentro de si. Ou seja, nada daquilo pode realmente ter acontecido, mas a alegoria tenta explicar fatos cósmicos e interiores no homem que de outra forma seria impossível.


IV. ANALÓGICA

Quando uma relação de semelhança é estabelecida entre algo, um ser, uma pessoa com outra coisa. Assim a serpente por ser o mais sagaz animal do campo pode ter servido de analogia para a sagacidade do mais perverso ser do caos...a beleza do fruto proibido pode ter servido de analogia para a beleza, a atração que sentimos pelas coisas ocultas, não reveladas e assim por diante.


V. SIMBÓLICA

O símbolo é uma imagem abstrata obtida através de um elemento físico, assim a árvore do conhecimento do bem e do mal é um símbolo de uma verdade abstrata sobre a dualidade do conhecimento ou seja; de que ao conhecer eu passo a ver os dois lados da moeda e mais...TENHO QUE ESCOLHER. A serpente um elemento físico de prova, de tentação, de sedução ou até de iniciação que faz com que o humano tenha que tomar uma iniciativa diante do que conhece sobre o sagrado e das leis da vida. O casal original um elemento físico que simboliza todo o humano em si, nossas escolhas, e muitas destas equivocadas que nos trouxeram até aqui quando optamos por ignorar a ordem da unicidade e preferimos o caos da diversidade e da dualidade, das inconstâncias das escolhas sem o senhorio sobre elas mas dominados pelo nosso sensorial diante delas...se escolhêssemos obedecer será que não obteríamos então POR MÉRITO o acesso a este conhecimento e consequentemente senhorio sobre estas escolhas?


VI. ESPIRITUAL

Podemos enfim enxergar todo este drama pela ótica espiritual que envolve as demais leituras anteriores, inclusive a literal e traduz o estado caótico, interno em que estamos, e procura explicar pelas leituras anteriores como de fato chegamos nele.

A leitura espiritual busca portanto trazer o mito PARA DENTRO, para a esfera interna do ser, tenta traduzir o que ego, alma e espírito vivenciam dentro de si. Assim por este prisma Adão e Eva simbolizam o masculino e feminino internos presentes em todos nós, a serpente do paraíso o nosso lado oculto, trevoso, obscuro, que nos assombra, nos assusta, nos prega peças e nos testa. O senhor Deus como o EU SOU nem ausente, nem presente mas constante, deixando que a alma livre escolha entre aquilo que lhe forma interiormente ou a quem quer servir, se as leis da vida conhecidas por ela, se as tentações daquilo que desconhece e anseia vivenciar...ao EU SOU ou ao Ego que se fixa no ilusório, no passageiro, na beleza do externo a si mesmo.

Na leitura espiritual, somos seres livres que tivemos que optar um dia se queríamos a unicidade ou se era mais interessante testar nossa sorte duvidando daquilo que o divino em nós nos dirigia a fazer.

Neste jogo preferimos ouvir o ego, a serpente, o símbolo do desejo oculto pelo desconhecido e nos tornamos conhecedores dos dois lados da moeda mas pasmem...escravos das consequências destas escolhas que passaram a ser dirigidas pelo duelo entre a alma e o ego... a primeira tentando obedecer ao Eu maior e o segundo fixando-se naquilo que percebe fora de si e lhe atrai e que nem sempre é sintônico com as leis da vida.


A Queda, seja lendária ou verdadeira é MITO pois o mito nada tem a ver com verdadeiro ou falso mas com exemplificação sobre algo que precisamos conhecer.

Existem mais ensinos nos contos de carochinha dos irmãos Grimm que em muitos livros ditos biográficos escritos mundo afora por ai, pois sinceramente todas as vidas são realmente importantes no computo final das coisas mas nem todas as vidas são realmente atraentes para tomarmos de ensino e exemplo para nossas vidas.

A queda, quer seja algo que realmente nos estava destinado no processo de vida universal no sentido de densificar-se na matéria, quer tenha sido uma prova iniciática em que fomos reprovados, ou um acidente causado por progressivas escolhas anteriores do casal original que os trouxeram até aquele momento fatídico e determinante se revela fascinante pois nas cores do mito enxergamos como em uma tela de cinema, um mito vasto e gigantesco se desenrolando, onde emoções, dores e alegrias se cruzam e trazem à alma a saudade de algo que sentirmos ter perdido e estamos dispostos a reconquistar. Quer dizer, alguns de nós pelo menos rs....


Paz e Bem

Valter Taliesin

VÍDEOS SAGRADOS

LUX AETERNA - CLINT MANSELL

LUX AETERNA - MORTEN LAURIDSEN

LUX AETERNA - GYORGY LIGERTI

LUX AETERNA - MOZART

LUX AETERNA - CHRISTOPHER TIN

LUX AETERNA - THOMAS BERGERSEN







FONTE DE IMAGENS GOOGLE

2 comentários:

  1. ADORO ESTES ASSUNTOS SOBRE Á HUMANIDADE, SOU ANTROPOLOGO DE NASCIMENTO, E TUDO ISTO ME FASCINA,,,,,

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