MISSA DA MEIA-NOITE - MINISSÉRIE DE 7 EPISÓDIOS - NETFLIX - NOTA 10+ 🌟🌟🌟🌟🌟 -
Mike Flanagan se tornou um dos principais contratados da Netflix nos últimos tempos. E ali vem pouco a pouco se tornando célebre e um mestre do suspense/terror; primeiro com a minissérie: A Maldição da Residência Hill em 2018 extremamente ovacionada por crítica e público. Depois com a minissérie: A Maldição da Mansão Bly em 2020 na qual as críticas foram mistas apesar do sucesso.
Aqui a meu ver Flanagan faz seu melhor trabalho… não só na Netflix mas da carreira. Se nas duas outras minisséries o motivo são assombrações o motivador nesta é a releitura de um velho conhecido do terror universal que não os fantasmas(não vou falar aqui para não estragar a experiência) mas como bem sabemos(os que conhecem seu trabalho) o suspense/terror é um canal para o realizador discutir outras questões que acha atinentes. Nas 3 contudo temos famílias como protagonistas e um ou outro personagem que conduz o fio narrativo. Flanagan se mostra extremamente preocupado com o contexto familiar e como este se adequa às mudanças sociais que hoje enfrentamos. No primeiro dentre diversos assuntos o que mais se realçou foram as drogas usadas por um dos personagens. No segundo o homossexualismo da personagem que era o fio condutor da trama e aqui é um crime de trânsito cometido sob embriaguez, também de um personagem com fio condutor da trama. Mas não é só isto… o cineasta se aprofunda num tema ainda mais controverso; a fé e através deste vai fundo nos questionamentos… principalmente do cristianismo e islamismo(judaísmo raiz deles embutido)... símbolos da fé, principalmente a eucaristia, juventude eterna, imortalidade, vida eterna (após a Morte), Deus etc…O ateísmo também é enfocado pelo autor já que este personagem condutor perdeu sua fé ancestral depois do crime de trânsito que foi o causador. Apesar de a família ser a grande protagonista da trama, temos além deste personagem outros 3 que são fio condutor da minissérie… a antiga paixão do personagem que cometeu o crime de trânsito, o pároco local na figura de um idoso que sumiu e de um mais novo que surge e a beata da igreja. Mas não se assuste… não é uma desculpa para o criador debater cansativamente teologia e filosofia… há excelente condução temática e interpretativa… um cenário que casa com o clima (aliás, sempre um ponto alto nas obras de Flanagan), um elenco afiado(todos estão muito bem, mas os intérpretes dos 4 papéis já citados estão um dedinho a mais à frente junto com a atriz juvenil que interpreta uma cadeirante, que se torna o pomo central da discussão sobre fé) nos quais se destacam Kate Siegel(que faz um dos personagens fio condutor) e Henry Thomas presentes nas outras duas minisséries de Flanagan aqui citadas sempre em papéis de destaque, Raul Kohli que esteve em Mansão Bly, Annabeth Gish que esteve em Residência Hill… e uma pontinha de Carla Gugino presente nas outras duas.… fora estes temos Zack Gilford como o pivô do crime de trânsito, Samantha Sloyan (também em Residência Hill) como a beata, Kristyn Leman, Igby Riney, Alex Essoe( também em Mansão Bly) e Hamish Linklater como o misterioso jovem pároco que chega para substituir o antigo. A tal Missa da Meia-noite do título só será compreendida como significado na trama do meio da minissérie para frente. Da tanto para ver um capítulo por dia (que foi o que eu fiz) como maratonar pois realmente prende a atenção. O final foi um marco a meu ver… belo… emocionante… mas diante do fato de ser um minissérie de suspense e terror com temáticas tão fortes não tinha como não ter também algo mais soturno e sombrio. Fiz um contorcionismo para não revelar muito e não estragar a experiência de quem quer ver dai porque não dá para se aprofundar demais em personagens e temáticas sob pena de estragar a experiência. Para quem for assistir… boa diversão com interessantes pitadas de discussão de vida.
Pax et Lux
Valter Luis (Taliesin)
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